Justiça nega pedido do Careca do INSS para não ser chamado de Careca do INSS


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Tá no Globo.
Às vezes o título mais simples é o melhor.

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Entendendo o nosso cadinho


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Bento Munhoz da Rocha definia o Paraná como um “imenso cadinho racial”.
A expressão vale para o Brasil e vem do inglês melting pot. Parece que surgiu em 1908 como título de peça teatral do britânico Israel Zangwill. Contava a história de David Quixano, imigrante judeu nascido na Russia que foge para os Estados Unidos depois que sua família é massacrada pela violência antissemita.
Para Quixano, os EUA com sua gloriosa mistura de raças era um farol que orientava a viagem de vítimas da opressão de todos os cantos do mundo.

O Brasil também recebeu milhões de imigrantes que fugiam da fome e de perseguições políticas. Outros 5 milhões de imigrantes chegaram acorrentados, em navios negreiros, e só pararam de chegar em 1845 quando o parlamento inglês promulgou o Slave Trade Suppression Act, a Bill Aberdeen, que mandava a marinha real capturar navios que transportavam escravos.

Com as migrações o pais não mudou apenas de cara, como ficamos sabendo agora. Leio no Jornal da USP (https://jornal.usp.br/ciencias/estudo-mapeia-impactos-da-miscigenacao-no-dna-e-na-saude-da-populacao-brasileira/) notícia sobre a pesquisa realizada por cientistas da Universidade de São Paulo, publicada na revista Science. O estudo analisou o DNA de 2.723 brasileiros e brasileiras, representantes das diversas etnias e regiões. Os genomas foram sequenciados em alta definição com a detecção de quase nove milhões de variantes genéticas inéditas, nunca antes identificadas em outra população do mundo.

Imagine, leitor, o que isso pode significar de avanço para pesquisas biomédicas e farmacêuticas, agora customizadas para a população brasileira.
A geneticista Tábita Hunemeier, do Departamento de Genética e Biologia Evolutiva da USP, sublinhou um aspecto da descoberta: somos a maior população miscigenada do mundo.

É isso, compartilhe: o Brasil é campeão mundial de miscigenação.

Os pesquisadores acharam 78 milhões de variedades de genoma, que podem influenciar tanto características físicas quando a propensão a determinadas doenças e a resistência a outras. Desse total, 8,7 milhões são variantes que podem ser exclusivas da população brasileira. E 36.637 são potencialmente prejudiciais à saúde.

Que maravilha se o Ministério da Saúde, dono do projeto, (digite no Google Programa Genomas do Brasil para conferir) receber dinheiro para tocar a pesquisa adiante. Daqui a pouco alguém poderá oferecer a cada um o melhor tratamento para cada doença. E poderemos também enviar informações preciosas para os irmãos da África e Europa, de onde vieram nossos avós.

Ah, mas isso vai levar tempo porque o Tesouro está quebrado.
Mentira, o dinheiro está aí. Basta o Congresso redirecionar algumas emendas impositivas do mal, redigidas em português capenga por deputados de DNA perverso.

Garanto que paga a pesquisa e ainda sobre dinheiro.

Com o dinheiro que sobrar – são bilhões – vale a pena analisar bem analisados os genomas dos políticos autores de malfeitos.

Pode ser um tiro n’água. Mas pode indicar que o velho Lombroso, aquele da Antropologia Criminal, não estava inteiramente errado em sua teoria do delinquente nato.
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E se os editorialistas pudessem publicar suas próprias opiniões?

The Harvard Crimson funciona no prédio nº14 da rua Plympton, em Cambridge. Circulava diariamente desde 1873, mas em 2022 tornou-se híbrido – a edição impressa sai aos sábados. Foto de Julian J. Giordano.

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Toda universidade norte-americana tem um jornal. Harvard, a maior de todas, tem três, o Harvard Gazette, da universidade; o Harvard Crimson, dos alunos, e o Harvard Lampoon, de humor.
O Crimson disputaria espaço nas bancas com os melhores jornais brasileiros com a vantagem de ser absolutamente, escandalosamente, até acintosamente independente.
Eis uma prova.
Todos sabem da briga de Harvard com Donald Trump. Foi a única a recusar o cumprimento de exigências presidenciais, entre elas a entrega de dados pessoais dos alunos estrangeiros e a abolição das políticas de diversidade e inclusão.
O presidente retaliou mandando cortar dois bilhões de dólares em verbas federais.
Harvard entrou com uma ação judicial contra a decisão de Trump, Ao mesmo tempo, resolveu rebatizar o Departamento de Equidade, Diversidade, Inclusão e Pertencimento, que virou Departamento da Comunidade e Vida no Campus.
Houve um racha entre os editores de opinião.
O grupo moderado apoiou a resolução e escreveu em editorial: “Alguns imaginam que Harvard está fazendo o que outras instituições fizeram – ceder a Trump. Ao contrário, está se posicionando melhor perante a opinião pública para enfrentar a difícil batalha judicial”.
A minoria radical foi contra e publicou artigo mostrando porque a universidade não deve ceder em nada. “Trocar o nome do departamento não melhora a posição de Harvard junto à opinião pública. Além de obscurecer suas funções e mascarar seus valores, sugere que há algo a esconder – que equidade é alguma coisa vergonhosa. Ao renomear o departamento Harvard rende-se à narrativa de Trump”.
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Trazendo a polêmica para a grande imprensa brasileira: o que escreveriam redatores do Estadão, da Folha ou do Globo, se pudessem publicar suas opiniões sobre as opiniões dos proprietários?
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Vale a pena ver de novo

Jude Law, agora como sucessor do Papa Francisco, é sucesso garantido. A foto é do Guardian. .

O Papa nunca foi tão popular. Prova disso é o filme O Conclave, que disputou o Oscar do ano passado e foi campeão de bilheteria. Mas há outras produções bem sucedidas, como série O Jovem Papa (The Young Pope), onde Jude Law faz o papel de um cardeal norte-americano manipulador e onírico, que se elege Papa.
Rebecca Nicholson, crítica do Guardian, garante que esta série de 2016, além de inteligente, é altamente viciante.
O diretor é Paolo Sorrentino, o mesmo de A Grande Beleza. Ele transforma Jude Law no Papa Pio XIII, um cara ultra conservador que vive em dúvida sobre a existência de Deus, mas não hesita em tomar Cherry Coke Zero no café da manhã – alguém aí já experimentou? – e fumar um maço de cigarros por dia.
Está na hora da Netflix trazer a série de volta. Ou rodar The Young Pope 2, aproveitando o noticiário que chega de Roma, onde os cardeais africanos ganham cada vez maior importância e ousam imaginar que o próximo Papa pode ser um deles. Como o conclave é um centro de intrigas e jogo sujo, não duvide que eleitores tenham entrado com celulares escondidos e estejam tramando a eleição do Papa negro.

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James merecia Lobato

 

 

 

Tinha dez anos quando descobri Monteiro Lobato. Primeiro O Minotauro, depois Geografia de Dona Benta, Reinações de Narizinho e, encantado, O Poço do Visconde. O livro me pegou porque começa assim:

Ao receber o jornal, Pedrinho sentou-se na varanda com os pés em cima da grade. Narizinho, que estava virando a máquina de costura de Dona Benta, disse:

-Vovó, eu acho uma grande falta de educação essa mania que Pedrinho pegou dos americanos de sentar-se com os pés na cara da gente. Olhe o jeito dele…

Dona Benta suspendeu os óculos para a testa e olhou:

-Certos sábios afirmam, minha filha, que quando uma pessoa se senta com as extremidades niveladas, a circulação do sangue agradece e a cabeça pensa melhor.

Releia, por favor.

Receber o jornal…sentou-se na varanda…virando a máquina de costura…suspendeu os óculos.

Percebeu? Não há adjetivos. Só verbos de movimento. Em 90 palavras, Lobato mostra quatro ações, como num roteiro de cinema. É um mestre da narrativa. No meio das ações passa informações. Mostra ao leitor que ele tem um lado no mundo. Lá estão os americanos lidando com assuntos importantes. Aqui ficamos nós, à espera da hora de fazer o mesmo.

Continuando minha carreira de leitor, deparei com As Aventuras de Tom Sawyer e As Aventuras de Huckleberry Finn, de Mark Twain. Li o primeiro em uma noite, o segundo levou um tempão e só cheguei ao fim de curioso que sou. Anos depois descobri que Huckeberry Finn é um dos dez maiores romances da literatura norte-americana. Por que demorou tanto a revelação? Talvez porque Tom Sawyer foi traduzido por Monteiro Lobato e Huckleberry Finn passou para o português pela mão de Luiza Maria de Eça Leal, acostumada a trabalhar com histórias para adultos. Lobato corrigiria: histórias de gente grande.

(Importante lembrar que Aventuras de Huckeberry Finn tem desde 2019 uma tradução de José Roberto O’Shea, edição da Zahar, que merece leitura atenta.)

Tudo isso serve para informar que estou lendo James, de Percival Everett. A história é familiar: um menino branco chamado Huckeberry Finn e um escravo de nome Jim estão fugindo juntos pelo rio Mississipi, cada um a procura de sua própria liberdade. Há porém uma diferença: agora o narrador é o escravo Jim (James). Uma delícia conhecer as opinições dos escravos sobre os brancos e ver o afinco com que se dedicam a falar direito a língua errada para manter os brancos na ilusão de que são analfabetos. Uma tristeza não ter Monteiro Lobato para fazer a tradução que os pré-adolescentes merecem – a história das reinações de Jim e Huck no estilo Picapau Amarelo.  O crítico do New York Times diz que James já nasce uma obra prima.

A resenha em https://www.nytimes.com/2024/03/11/books/review/percival-everett-james.html

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“O livro é precioso”

Foto da Agência Brasil

Mensagem de Juca Kfuri:

“Diga ao Adherbal que o livro dele é precioso e que ele deveria ter vindo para  abrilhantar o jornalismo em São Paulo como fizeram outros dois paranaenses de minhas relações.

Só não gostei da ocultação da verdade sobre o promíscuo, e antiético, relacionamento da atriz com o jovem repórter.”

Que história de relacionamento antiético é essa?

No final de década de 1960, circulou intensamente nas redações de O Estado do Paraná, Diario do Paraná, Gazeta do Povo e Ultima hora a informação de que o jovem repórter Carlos Maranhão foi entrevistar a atriz Ítala Nandi, musa do teatro e da televisão e o trabalho jornalístico transformou-se, por algum motivo, em affair instantâneo e devastador,

Durante todos esses anos, Maranhão tem sido indagado a respeito. Não confirma nem desmente os acontecimentos, que teriam ocorrido no Hotel Guaira, centro de Curitiba. Ele confuso diante da responsabilidade de arranjar um tema novo, uma abordagem diferente para aquela matéria sobre a personalidade que acabara de vender, com uma entrevista de capa, quase um milhão de exemplares da revista Realidade. Ela tentando ajudar.

Afinal, aconteceu ou não aconteceu o evento sexual? O jornalista não responde. Apenas lembra o que disse o personagem do clássico de John Ford “O Homem que Matou o Facinora (The Man Who Shot Liberty Valance, 1962, diretor John Ford) ao ser indagado se tinha mesmo matado o bandido: “Às vezes, a lenda se torna maior que o fato. Então, publique-se a lenda.”

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A completa verdade (e uma importante entrevista com Carlos Maranhão) está em Nicodemo – Obituário Sincero dos Jornais de Curitiba, de Adherbal Fortes de Sá Jr, à venda nas Livrarias Curitiba, Livraria do Chain. Telaranha Livraria & Café, Estante Virtual, Sebo Grimm.

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Fim de tarde

ggghhh

Rua Mauá.

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Morre Chacon Jr., o amigo do Rei

 

 

Luiz Carlos Chacon de Oliveira. (Foto Rede Massa)

 

 

 

 

 

 

 

 

Quem visita Mallet, geralmente a caminho das aguas sulfurosas Dorizzon, é informado que ali nasceu o famoso pintor Miguel Bakun.

Agora, ao ícone da cidade de 14 mil habitantes, no Sudoeste do Paraná, deve-se somar o ator e humorista Chacon Jr, que nasceu às 3h da madrugada do dia 3 de julho de 1941 e morreu ontem, assistido pela esposa Valquíria e pela filha Débora, em seu apartamento do 29º andar do Edifício Tijucas, na Boca Maldita.

O corpo será velado na capela do Cemitério da Água Verde.

Chacon Jr ficou conhecido nacionalmente como sósia e dublador de Roberto Carlos. Era amigo do Rei, atuou ao lado de Ratinho, pai, e de Ari Fontoura, Sale Wolokita, Jane Martins, Maurício Távora e outras estrelas do teatro paranaense – e foi discreto participante da resistência à censura de 1964.

Era dele, nos anos 1970, a voz do hipopótamo Górgias, que previa o tempo no Show de Jornal do Canal 4, TV Iguaçu, do Grupo Paulo Pimentel e era a válvula de escape para notícias que a ditadura não queria que chegassem ao público. O nome Górgias era uma homenagem ao filósofo sofista grego morto em 380 AC, cujos escritos pareciam falar sobre a repressão brasileira. “Nada existe; se existisse, não poderia ser conhecido; se conhecido, não deveria ser comunicado”. Certa noite, o Górgias do Chacon Jr entrou no ar e previu: “Amanhã tomem cuidado, é dia de tempestade. Raios e turbulência sobre o Paraná”. No dia seguinte saiu nova lista de políticos cassados, cuja divulgação o major da censura tinha proibido.

Chacon dividia os amigos em dois grandes grupos. No primeiro, estavam aqueles que chamava pelo nome. No segundo, os mais íntimos mereciam a designação carinhosa de “marginá”.

Eu, com muita honra, cheguei a marginá.

(AFSJ)

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A noite dos jornalistas

Dia 7 de abril, Dia do Jornalista. Deu para lotar o espaço do autor das Livrarias Curitiba no Park Shopping Barigui.
Festejamos a data e a chegada do livro Nicodemo – Obituário Sincero dos Jornais de Curitiba à rede das Livrarias Curitiba.
Não é pouca coisa, considerando a realidade do mercado. Primeiro, as grandes livrarias, apesar do nome, não oferecem exclusivamente livros. O espaço é dividido em três áreas: livros, papelaria e brinquedos.
Segundo, na área dedicada à venda de livros seis em cada dez são livros de colorir impressos na China. Em seguida vêm bíblias (12 milhões de bíblias evangélicas em 2024), títulos religiosos e de auto-ajuda.
Depois os livros de ficção – blockbusters de Stephen King, Nora Roberts, Agatha Chrystie, Barbara Cartland, J.K. Rowling, Harold Robbins, Sidney Sheldon,George Simenon, Eiichiro Oda, traduzidos do inglês, do francês (Simenon) e do japonês, no caso de Oda.
Restam 2% de espaço para a literatura brasileira e menos ainda para o que é produzido no Paraná.
Por isso, fogos e drinques para a venda do Nicodemo – Obituário Sincero dos Jornais de Curitiba nas livrarias.
Nicodemo está vendendo bem, provavelmente por ocupar o lado de lá da gangorra. Enquanto as bíblias e os livros de auto-ajuda espalham a fé, Nicodemo dissemina a dúvida.
No Brasil de hoje duvidar é tão importante quanto acreditar.
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(Fonte: Pesquisa realizada pela Nielsen BookData, encomendada pela Câmara Brasileira do Livro (CBL)

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Bernard Cathelat – esse cara é importante para entender o caso do general Benjamin Arrola

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A redemocratização começou em 1982, embora o último general só tenha ido para casa três anos depois – e a gente precise lembrar o tempo todo que ainda não apareceu um gênio capaz de inventar regime melhor do que a democracia.

As eleições diretas estavam de volta, depois de duas décadas de governadores apontados pelas Assembleias Legislativas. Mas, como fazê-las? Era preciso entender os novos segredos das campanhas políticas. A televisão ainda imperava, mas outros meios de comunicação como o rádio, a mídia impressa, outdoors, mala direta ofereciam caminhos para chegar ao eleitor.

No começo do ano, o MDB paulista, que lançava a candidatura de Franco Montoro ao governo do Estado, organizou um seminário de marketing político e convidou especialistas alemães, franceses e americanos.

Marqueteiros de toda parte correram para São Paulo apenas para verificar que as novidades eram antigas: pesquisa quantitativa, organização de campanha, confirmação do discurso através de pesquisas qualitativas – e só.

Até que os franceses começaram a falar. Eram discípulos de Bernard Cathelat, sociólogo que se especializou desde 1972 no estudo do estilo de vida do eleitor.
Quando a ideia começou a ser apresentada todo mundo viu que aquilo era um ovo de Colombo. O eleitor, dizia Cathelat, não vota só por ser pobre ou rico, por ser preto ou branco, por ser católico ou espírita. Vota em quem parece com ele.

É preciso uma análise mais sofisticada para antecipar a decisão de voto. Saber se ele lê, o que lê, se torce para o Corinthians, se frequenta concertos, shows de rock ou pagode, se usa terno e gravata, se participa de debates sobre arte contemporânea, se constrói casas, se sonha com um Mustang ou com um MG, se conversa com os vizinhos, se frequenta clube de tiro, se ouve pastores na rádio, coleciona música sertaneja ou proíbe a filha de usar biquíni (o assunto estava em moda).

Cathelet propunha usar os recursos do censo demográfico e de outras bases de dados, com auxílio da tecnologia digital, para aplicar um método inovador de entender o estilo de vida do eleitor e da sociedade.
Seu livrinho de 150 páginas “Les Stiles de Vie des Français” descrevia métodos de reunir grupos de eleitores que apresentavam o mesmo tipo de atitude, comportamento e motivação. Oferecia um mapa multidimensional para analisar como esses grupos reagiriam ao discurso de cada candidato, assim como comprariam ou deixariam de comprar determinado shampu, automóvel, disco ou alimento.

Na época, a dificuldade era aplicar os longos questionários. Pesquisadores deveriam bater de casa em casa e realizar entrevistas com meia hora de duração. O questionário mais extenso exigia mais treinamento do entrevistador e portanto um custo maior da pesquisa. A adesão ao marketing político de Cathelet foi lenta, mas quem foi, nos anos seguintes, até a Universidade de Paris-Sorbonne conversar com ele não se arrependeu.

No CCA, Instituto para Sócio-Estilos de Vida onde ele era co-fundador, estavam as informações para detecção e monitoramento de tendências no corpo social e tipologia de modos de vida e pensamento que foram usadas trinta anos depois pela Cambridge Analytica para a eleição de Donald Trump em 2016 e de Jair Bolsonaro dois anos mais tarde.
O grande obstáculo para usar o microtargeting era custo, agora não é mais. O Facebook e outras redes sociais entregam informações baratas sobre os usuários. Cada vez que alguém dá um like num cantor, pastor, jogador ou influencer revela mais um pedaço de seu perfil aos pesquisadores.
Combinando likes de algumas atrações, como Lady Gaga ou House of Cards no Facebook, analistas catalogam usuários em seis grandes categorias –
1) introvertidos,
2) extrovertidos,
3) amáveis,
4) dotados de visão crítica,
5) facilmente impressionáveis ou
6) abertos a novas experiências.

Isso permite disparar de mensagens em massa na direção certa. A dolorosa experiência recente permite dizer que um microtargeting bem feito permite vender cloroquina e aplicações anais de ozônio para tratamento de Covid. No Irã, conta Patrícia Campos Melo em “Máquina do Ódio”, 44 pessoas morreram depois de tomar álcool adulterado para matar o vírus. Fakenews instigaram algumas pessoas a acreditar que um misterioso algorítimo dirigia os votos dos eleitores para candidatos patrocinados por Satanás.

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Fontes: “Les Stiles de Vie des Français”, Bernard Cathelet
“Socio-Styles, o novo sistema de classificação de estilos de vida para identificar e direcionar consumidores e mercados”, Bernard Cathelat, edições Kogan Page, Londres, 1993
“The Hype Machine”, Sinan Aral, Currency Trade Paperback Edition, Random House, 2021
“A Máquina do Ódio”, Patrícia Campos Mello, Companhia das Letras, 2020

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P.S. – Bernard Cathelet também atuou como sociólogo do Observatório Netexplo, um instituto de monitoramento e análise global de inovações digitais e suas aplicações, para a análise de seu impacto sociológico. Dê um google em Netexplo, que vale a pena.

P.S.2 – Dê um Google em General Benjamin Arrola

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