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Ao lado do Odeon, o Opera. Do outro lado, o Avenida e o Palácio.(Veja a história dos primeiros cinemas aqui.
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No auge de uma crise de saudosismo, chego à Boca Maldita e olho para as lojas do lado norte.
Lá estão as Casas Pernambucanas. No passado, o prédio, construído pelo historiador Davi Carneiro, abrigava o Cine Ópera e exibia os musicais da Metro Goldwin Mayer.
Sala cheia, assisti a Show Boat, o Barco das Ilusões, com Kathryn Grayson, Howard Keel e Ava Gardner (MGM, 1952). Durante anos acreditei que era Paul Robeson que cantava Ol’ Man River, como na primeira versão, feita pela Universal, em 1936. Mas era William Warfield.
Não era. Robeson estava na lista negra de Hollywood.
Teve a carreira prejudicada pela paranoia anticomunista que tomou conta dos EUA com a Guerra Fria. Coisa do Comitê de Investigação de Atividades Antiamericanas do Senado dos Estados Unidos, comandado pelo senador Joe McCarthy, aquele caçador de bruxas.
Paul Robeson morreu em 1976 (dia 26 de janeiro vai ser o 37º aniversário de sua morte), sem se apresentar no Cine Opera, como, por exemplo, a Orquestra de Xavier Cugat, que chegou bancada pelo projeto de intercâmbio cultural do Departamento de Estado.
Se viesse, haveria entrevista coletiva e eu perguntaria como foi passar de campeão de basquete e futebol americano a campeão dos direitos civis e ator shakespeariano. Pediria também para ele falar sobre aquela noite na Espanha de 1937, em que cantou para as tropas republicanas da Guerra Civil Espanhola.
Clique para ouvir Ol’ Man River, com Robeson.