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O mundo mudou, Curitiba foi junto. É preciso muita atenção ao comprar o pinheiro de Natal.
Leve trena para medir a árvore.
O pé direito das casas vem diminuindo. Quando nasci, era de três metros a distância entra o chão e o forro da sala de visitas. Agora gira em torno de 2m20.
Confira a largura.
As portas da casa ficaram mais estreitas.
Finalmente, não precisa ser arquiteto, nem decorador, para constatar que o ambiente mirrou. Alguém muito cruel fez essa maldade com a gente. As casas antigas tinham escritório, sala de estar, sala de jantar. Muitas famílias acrescentavam uma salinha de música, para a filha aprender piano. Hoje, há lareira, sanca de gesso, projeto de iluminação e piso de madeira natural – tudo comprimido na famigerada sala em L.
Uma desumanidade.
Antes, sobrava espaço para um trem elétrico (feito na Alemanha, não na China) rodar em torno da arvore.
Entre uma estação e outra era comum um presépio. Às vezes um monjolo na estação seguinte, daqueles que a água de verdade enche um balde, que abastece um bebedouro, que desagua num riozinho que – graças a um truque da física – fornece água para encher o balde.
Neste momento, até a ligação entre o pinheirinho e a cristandade é questionada. Leio que a idéia de trazer árvores recém-cortadas para dentro da casa para comemorar o Natal é uma velha tradição germânica e pagã. Espalhou-se por outros países da Europa e pela América no século 19, quando a Rainha Vitória casou com o primo, Principe Albert of Saxe-Coburg and Gotha, em 1840.
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Mas não foram os alemães que inventaram a moda de trazer alguma coisa verde para o interior da casa.
Em um ensaio de 1910, publicado no Journal of the Royal Society of Arts, George Birdwood traça o significado da árvore no Egito, India, Persia e nas marchas com tochas do antigo Império Romano. A árvore é o que restou de um velho costume ligado à Saturnália do Solstício do Inverno.
Para acabar com a festa pagã, a Igreja Católica instituiu o Dia de Natal no século quinto da nossa era.
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