Há 70 anos o Presidente da República foi seduzido pelo governador do Paraná neste Palácio iluminado

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Era sábado, 18 de dezembro de 1954. A nata da sociedade paranaense foi o Palácio Iguaçu para participar do primeiro banquete na nova sede do governo e para ouvir o presidente da República João Café Filho.
Café Filho tirou o discurso do bolso e leu com emoção as palavras que tinha escolhido cuidadosamente. Falou das suas visitas ao Paraná, dos cafezais que explodiam a cada safra recorde e proporcionavam as divisas que o Brasil necessitava. Elogiou a gente trabalhadora, a vocação civilizatória do povo e confessou seu encanto com “o poder de sedução” de seu prezado amigo Munhoz da Rocha.

Tinham sido colegas na Câmara dos Deputados onde Bento brilhava cada vez que subia à tribuna. Nas conversas particulares o assunto era aquela infinidade de questões que o paranaense dominava tão bem. Economia, sociologia, filosofia – tudo nele indicava o estadista, o homem certo para governar o Brasil naquele tempo de mudança.

Mudava a capital, que ia para o Planalto Central. Mudava a matriz produtiva com a Petrobrás, a CSN e o desenvolvimento industrial. Mudava, principalmente, a conjuntura internacional, com a ascensão dos Estados Unidos à liderança do mundo ocidental.

Bento era o avanço sintetizado no palácio modernista concebido por David Azambuja. As linhas retas do edifício de 15 mil metros quadrados apontavam para o futuro glorioso do novo Brasil. Aplausos.

Nunca o Paraná esteve tão perto da presidência como naquele verão de 1954.

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Alguns acham essa afirmação exagerada.

Pertíssimo da Presidência, dizem eles, estivemos em 1977, quando o general Geisel pensou no governador Ney Braga para sua sucessão.

O aprofundamento da violência nos porões da ditadura atrapalhou o projeto de Geisel. Vladimir Herzog é suicidado no DOI-CODI. A multidão indignada se reune na Praça da Sé para orar com o cardeal Arns, o pastor Wright e o rabino Sobel. O Brasil se levanta contra tortura, os desaparecimentos, a insegurança. O ministro da Guerra, Silvio Frota, tenta um golpe dentro do golpe e o presidente tem que recorrer aos generais do alto comando do Exército para afastá-lo.

Aí ferrou. Os generais sentem-se no direito de indicar João Figueiredo, o chefão do SNI.

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Observem a foto aí no alto. É de ontem. Neste inverno de 2025 fulguram as luzes do Palácio Iguaçu.

Mais uma vez, a bola é cruzada na nossa área. Na meia lua, pronto para o arremate, está Ratinho Júnior. Só espera que Tarcísio de Freitas dê um corta-luz e deixe para ele. Está no jornal: Tarcísio só vai na boa. Se a oposição no Congresso, a Faria Lima, o agro e os dois grandes jornais paulistas não conseguirem dizimar a popularidade de Lula, o governador de São Paulo fica para a reeleição.

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