.
.
.
A rebelião de Cascavel – e sua terrível repercussão internacional – escancara a realidade que não queremos discutir: o modelo prisional vigente fracassou e o Estado semifalido não tem dinheiro para fazer novos investimentos.
A tentação dos governadores estaduais, entre eles Beto Richa, é copiar modelos de outros países, onde as penitenciárias são particulares e os condenados em liberdade condicional são vigiados por empresas de segurança. A conta da vigilância é de responsabilidade dos próprios reus.
Tom Edsall, um professor de jornalismo da Universidade de Columbia e autor de “A Era da Austeridade”, conta no New York Times de hoje que o departamento de condicional de Orange County, na Califórnia, tem um programa de supervisão eletrônica de condenados por pequenos crimes que gozam liberdade condicional. A supervisão eletrônica não é novidade, novidade é ter sido terceirizada para uma empresa chamada Sentinel Offender Services.
Edsall explica que a Sentinel é apenas uma das milhares de empresas que se desenvolvem no modelo de “poverty capitalism” – um capitalismo onde os lucros vêm dos mais pobres.
A empresa se encarrega de verificar se, por exemplo, condenados por embriaguez ao volante têm bom comportamento. O serviço nada custa ao contribuinte. O dinheiro é dos próprios réus, que pagam entre 35 e 100 dólares por mês pela vigilância eletrônica. O lucro não é pequeno.
Penitenciárias privatizadas são um grande negócio. A Corrections Corporation of America, fundada com 1983, tem ações na Bolsa de Nova York e acaba de anunciar uma receita de US$1.69 billion em 2013. A empresa se descreve como “a dona da maior rede de prisões e instalações correcionais do país, menor apenas que os sistemas de penitenciários do governo dos Estados Unidos e de três estados.”
.