Edmund Burke, Tom Paine e as Revoluções

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Empire and Revolution: The Political Life of Edmund Burke

por Richard Bourke

Princeton University Press, 1.001 pag, $29.95 (brochura)

 

A resenha está na New York Review of Books de 18 de janeiro, assinada por Alan Ryan. No YouTube há palestra e entrevistas de Richard Bourke, um professor de 53 anos bastante didático.

 

O livro é importante porque a Inglaterra do século 18 tinha problemas que o Brasil não resolveu até hoje, como corrupção e desigualdade.

 

Edmund Burke, um dos pais do conservadorismo inglês, foi político e escritor. Iniciou como secretário particular e protegido do Marques de Rockingham, do Partido Whig, que foi convocado em 1765 para formar o governo. Como primeiro ministro durou pouco mais de um ano.

 

Rockingham fez com que Burke fosse eleito para a Câmara dos Comuns. Eram anos turbulentos que culminaram com a independência dos Estados Unidos, a maior das colônias.

 

O rei George III gostava de mandar em tudo, e o Parlamento nem sempre concordava com isso. Havia confronto. O país procurava a confluência, o ponto de equilíbrio entre o poder real e o poder político.

 

Richard Bourke é um autor ambicioso. Trata de mostrar cada momento da carreira parlamentar de Edmund Burke e ao mesmo tempo rastrear as origens de pensamento político de seu biografado, de Aristoteles a Cícero e John Locke, e além.

 

Considera de “qualidade melancólica” o desempenho de Burke como político. Um homem dedicado a acordos de bastidores nem sempre bem sucedidos. Isso não dá um filme. Em compensação, louva a produção intelectual de seu biografado, principalmente a verve e o estilo literário das “Reflexões sobre a Revolução” na França.

 

A ideologia conservadora vai aparecendo aos poucos, na reverência aos valores tradicionais e na admiração por Maria Antonieta, a rainha morta pelos revolucionários.

 

Thomas Paine, o contrário de Burke, dá vários filmes. Personalidade brilhante. Político, revolucionário e panfletário, viveu até os 37 anos na Inglaterra e depois atravessou o Atlântico e tornou-se um dos pais fundadores dos Estados Unidos da América.

Paine sustentava que cada geração tem o direito de escolher sua própria forma de governo. A monarquia hereditária era irracional e a reverência pela tradição permitia que os mortos governassem os vivos. A França estava exercendo seu direito de escolher sua forma de governos como os EUA haviam feito em 1776.

Em resposta, Burke garantiu que os revolucionários franceses haviam aberto as portas para a anarquia e o banho de sangue – a acabou vendo os fatos confirmarem sua previsão. Em outubro de 1793, a cabeça da admirada Maria Antonieta rolou pelo cadafalso, na Praça da Concordia, centro de Paris.

 

O confronto entre os dois foi por alguns encarado como uma vitória do conservantismo sobre o liberalismo, mas o autor adverte para o anacronismo da análise. Foi só em 1865 que o Partido Liberal inglês, defensor do livre comércio e do pacifismo, disputou sua primeira eleição.

 

Visto com os parâmetros de hoje, Burke seria um garantista – defendia um governo obediente à letra da lei. Era um “whig reformista”. Isso equivale a dizer que apoiava governos  capazes de prover eficiência administrativa, com zero corrupção, e assegurar segurança e prosperidade para os cidadãos.

 

 

 ***

P.S. – Se ainda estiver interessado em conservadores e revolucionários, dê uma olhada em “Casanova e a Revolução”, em inglês “That Night in Verrenne”, o filme de Ettore Scolla, onde Tom Paine é personificado por Harvey Keitel.

 

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