Os ingleses imitam a velha URSS

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Jenkins: GB copia a URSS. (Crédito da foto Gettymages)

 

 

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Ganhar medalhas não é tudo na vida. Tudo é ganhar medalhas sem sovietizar o esporte.

É isso. A Inglaterra, pátria da práxis, adotou uma política esportiva semelhante à da falecida União Soviética, onde os atletas eram funcionários públicos e agentes da propaganda do Estado.

Agora Grã Bretanha está lá em cima no quadro de medalhas, superada apenas pelos Estados Unidos, mas na frente das potências olímpicas China, Alemanha e Russia.

Isso não deve ser motivo de alegria para ninguém.

Os jogos olímpicos não são guerras. Não devem oferecer ao regime ferramentas de propaganda. Atletas não são soldados saudando a suástica ou morrendo pela pátria.

Mas o primeiro ministro John Major, do Partido Conservador, pensava diferente. Viu o mau desempenho dos ingleses na olimpíada de Atlanta, em 1996, como um sinal de decadência nacional. Resolveu atuar com maior força no esporte, em nome da boa imagem da Gra-Bretanha.

Mas, atenção: só em alguns esportes – aqueles capazes de gerar maior número de medalhas por atleta, esportes de elite.

O jornalista Simon Jenkins, no The Guardian, reclama: “Nós costumávamos ridicularizar os comunistas por usar o esporte como uma analogia do sucesso econômico. Agora, com as vastas quantias aplicadas no Time GB e atletas declarados “heróis”, nós os estamos copiando.”

Lembra Jenkins que “as olimpíadas foram corrompidas pelo shamateurismo (shame + amateurism=falso amadorismo) e pelo doping. No Comite Olímpico Internacional, os representantes britânicos presentes sabiam perfeitamente bem o que estava acontecendo, mas fingiam nada ver. A medalha de ouro em honestidade nos anos recentes deve ser entregue à imprensa inglesa, que sozinha denunciou a corrupção e a falsidade no esporte internacional.”

A partir de 1996, o governo inglês aumentou o subsídio para esportes de elite de cinco para 54 milhões de libras, enquanto instalações dedicadas aos esportes populares foram fechadas. Os ingleses esqueceram dos esportes coletivos e passaram a investir nos individuais, como atletismo e ginástica.

Funcionou. Em Sydney, as medalhas aumentaram de 15 para 28.

Em 2012, o investimento subiu para 264 milhões de libras e resultou em 65 medalhas, quatro milhões por medalha. Para o Rio foram gastos 350 milhões de libras.

Isso elevou o tratamento dado aos atletas, que podem receber um auxílio de até 28 mil libras por ano – acima da média da maioria dos servidores públicos. Não é preciso dar expediente nem agradar o chefe. Basta trazer medalhas.

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