.

Ben Bradlee, que morreu aos 93 anos, foi o homem que mandou Carl Berstein e Bob Woodward para a sede do Partido Democrata, no Edifício Watergate, em Washington – e deu início à cobertura que terminou com a renúncia do presidente Nixon.
.
.
Como escreveu o New York Times no obituário dele:
“Ele teria sido um jornalista frustrado no contexto atual – dispensas, cortes de custo, timidez diante dos grandes anunciantes – mas foi perfeito para seu tempo.”
O redator está falando de Ben Bradlee, o editor de Watergate, o homem que, em 25 anos de chefia, dobrou a circulação do Washington Post, o jornalista que ganhou merecidamente o epíteto de “legendário”.
Bradlee fez seu jornalismo contundente parecer incrivelmente emocionante e vital. Ele tinha um propósito, diz o Financial Times, encorajar gerações de repórteres nos Estados Unidos e em países de democracia claudicante como o nosso.
Numa era em que a sociedade homenageia o jornalismo de dados – o astro-rei da atual geração de jornalistas geek é Nate Silver (veja fivethirtyeight.com) – o desaparecimento de Bradlee é um lembrete de que os propósitos do jornalismo são mais amplos do que isso. Os jornais são feitos para dizer a verdade antes de tudo. Se o candidato construiu o aeroporto, revele; se a candidata deixou-se ludibriar, informe. E jamais esqueça que jornal sai à rua para afligir os poderosos e confortar os aflitos.
Bradlee fazia isso muito bem e com bastante elegância, como se lembram todos os que invejaram suas camisas inglesas, feitas pela renomada casa Turnbull & Asser. Sua figura nunca deixou de ser charmosa, mesmo na virada dos 90 anos. Diziam que ele era melhor do que a versão ficcional, interpretada por Jason Robards no filme Todos os Homens do Presidente. (1976, diretor Alan J. Pakula, com Dustin Hoffman e Robert Redford.)
.
Um autêntico colarinho T&A custa 365 dólares.A camisa vem junto. Há mais dois para reposição.
.
.
.