logo
Governo e política, crime e segurança, arte, escola, dinheiro e principalmente gente da cidade sem portas
post

Lobby da ponte Caiobá-Guaratuba ataca novamente.

ponte A internet está cheia de propaganda da ponte.

.
É um projeto tentador para o turista.

Em vez de esperar horas na fila do verão, bastam 15 minutos e um pequeno pedágio para chegar à areia macia e ao sol restaurador.

A idéia foi comprada pela promotora substituta de Guaratuba, Ana Claudia Luvizotto Bergo. Ela ajuizou ação civil pública contra o governo do Estado do Paraná, representado pelo Departamento de Estradas e Rodagem. Quer que o DER inicie já a licitação para o estudo sobre a viabilidade técnica, econômica e ambiental do projeto.

Para a doutora Ana Claudia, a ausência da ponte constitui “verdadeiro entrave à mobilidade urbana e ao crescimento e desenvolvimento da região”.

Quem gosta de Guaratuba está contra a ponte.

Primeiro, porque a ponte vai apenas jogar os problemas da PR-508, estradinha que liga Alexandra a Matinhos, para o outro lado da baia.

Segundo, porque Guaratuba não tem que crescer. Guaratuba precisa ser preservada-defendida de todo tipo de “desenvolvimento”, principalmente daquele que envolve a ação de empreiteiras.

Pense, doutora, nas centenas de caminhões de carga, carregados além da capacidade, que também querem ganhar tempo de viagem. Eles vão atravessar o Morro do Pinto, destruir o asfalto casca de ovo das avenidas Ayrton Cornelsen e Afonso Botelho, abalar a estrutura tricentenária da Matriz e provocar outro afundamento da baia, como ocorreu na década de 70.

Não há ação civil pública capaz de desafundar a baia.

A BR-101 não passa pelo Paraná porque pessoas de muito juízo avaliaram que nosso litoral é pequeno demais – tem só 90 km de extensão e 55 km no ponto mais largo, a região de Paranaguá. Dali para o sul, segundo o geólogo João José Bigarella, canais confinados e não confinados de rios entrelaçados, além de depósitos lacustres, desaconselham a construção de estradas para o transporte pesado.

Isso tudo foi lembrado em 1989, quando uma emenda à Constituição Estadual determinou a execução da obra. Em 1991, a lei que regulamenta a ideia foi sancionada e a licitação foi aberta.

Felizmente, o governador que assumiu no lugar do cassado Haroldo Leon Peres era o respeitado professor de engenharia Pedro Viriato Parigot de Souza. E a idéia morreu ali.

Posted on 5th novembro 2013 in Sem categoria  •  No comments yet
post

De quem é a praça que era do povo?

.
praça É do crack, mané. .

Fiquei com medo.

Ao encostar carro na praça Osório um cara muito feio, muito sujo e muito doidão apareceu de repente e começou a gritar.

-Deixa que eu cuido! Me dá cinco ai!

Estava bem perto da janela. O bastante para que o bafo enjoativo entrasse no carro. Não era aquele cheiro conhecido de pinguço. Era fedor ácido, como se ele tivesse bebido uma lata de querosene.

Liguei o motor, gritei “já volto!” e fui embora.

São mais de 200 casos de droga apreendida em praças de Curitiba de janeiro a setembro. Aumentaram os furtos e assaltos.

A polícia começou a aparecer, mas faltam cachorros para localizar a droga.

muita folga Os caras são folgados. Instalaram até rede para dormir na praça Osório.
Posted on 4th novembro 2013 in Sem categoria  •  No comments yet
post

O Mordomo da Casa Branca

Ophrah Ophah e Forrester

.
Sai do cinema com a impressão de que o filme O Mordomo da Casa Branca, do diretor Lee Daniels (“A Preciosa”) é uma peça de propaganda política paga pela Casa Branca para tentar provar que a eleição de Barack Obama acabou com o problema da desigualdade racial nos Estados Unidos.

Um supercomercial da democracia americana, ao longo de 60 anos de luta contra a discriminação racial, meio no estilo Forrest Gump, estrelado por Oprah Winfrey e Forrest Whitaker, no papel do mordomo que atendeu a oito presidentes dos EUA.

Um supercast em rápidas aparições incorpora alguns presidentes americanos: Robin Williams (Eisenhower), James Marsden (Kennedy), Liev Schreiber (Johnson), John Cusack (Nixon) e Alan Rickman (Reagan) ; Jane Fonda faz Nancy Reagan.

O Mordomo da Casa Branca não é apenas propaganda – é inverdade. Não é preciso um Phd em sociologia para saber que a desigualdade nos EUA não acabou, só ganhou novas cores. Em vez de negros, os oprimidos agora são imigrantes ilegais, sem direitos trabalhistas, sem acesso à saúde pública, sem simpatia da polícia. Vêm da América Latina para limpar privadas de restaurantes das grandes cidades e para trabalhar na cozinha dos brancos do Texas, Califórnia ou Flórida.

O editor da New Yorker Handrik Hertzberg, que foi, em 1976, redator de discursos do presidente Jimmy Carter, caiu de pau na produção da Wenstein Company.
A opinião dele é curta e direta: o filme é realmente ruim, de mau gosto, manipulativo, sentimental e, em certos momentos, implausível.

Hertzberg pergunta: qual a possibilidade de o principal mordomo da Casa Branca não apenas ter visto a mãe ser violada e o pai assassinado pelo filho de um fazendeiro de algodão (a mãe do criminoso é Vanessa Redgrave) como, ainda, ter um filho que se tornou:

Primeiro, um dos estudantes-heróis da Universidade Fisk nos sit-ins de Nashville;

Segundo, um dos Freedom Riders originais;

Terceiro, um auxiliar tão próximo de Martin Luther King que estava no quarto do motel de Menphis com Ralph Abernathy, Andrew Young e Jesse Jackson quando King foi assassinado;

Quarto um Pantera Negra de boina em Oakland;

Quinto, um candidato derrotado ao Congresso;

Sexto, um líder do movimento pela libertação de Mandela;

E, sétimo, um candidato vitorioso ao Congresso?

Posted on 2nd novembro 2013 in Sem categoria  •  No comments yet
post

O Caso Tainá chegou àquele ponto em que a complacência vira cumplicidade

tayna Um mistério altamente tóxico.

.
Delegado desqualificando perito? Secretário de Segurança deixando a briga rolar?

Esse caso Tainá, que está virando baixaria, sugere uma reflexão sobre o estado das coisas na polícia do Paraná.

Meu amigo, que é da área, está cada vez mais convencido de que a Justiça não começa no juiz, no promotor, no delegado – começa no Departamento Médico Legal.

Na entrada do Departamento Médico Legal de Nova York está escrito: “Taceant colloquia. Effugiat risus. Hic locus est ubi mors gaudt succurrere vitae. (Que cessem as conversas. Que pare o riso. Este é o lugar em que os mortos têm a alegria de ajudar os vivos.” (*)

O DML de lá não é o melhor do mundo. (Parece que o melhor do mundo está na Finlândia). Mas funciona bem.

“Quando a equipe traz um corpo, a maca é posta na rampa e passa por um detector de radiações que fica sobre a porta. Se o alarme disparar, indica a presença de material radioativo, como radiofármacos usados no tratamento de alguns tipos de câncer. A próxima parada é na balança onde o corpo é pesado e medido. O destino seguinte depende das condições do corpo. Se estiver em adiantado estado de decomposição vai para a câmara frigorífica da decomposição, próxima à sala de decomposição, onde a autópsia é feita em isolamento, com ventilação adequada e outras medidas de precaução.

Se o corpo estiver em boas condições, é levado numa maca para uma viagem que pode incluir diversas paradas – a sala de raios X, a sala de coleta de amostras histológicas, o laboratório de antropologia forense, duas outras câmaras frigoríficas para corpos recentes ainda não examinados, o elevador para os que vão para a identificação no andar de cima, os armários para provas periciais, a sala de neuropatologia, a sala de patologias cardíacas, a sala principal de autópsia.”

A médica curitibana lê a descrição e comenta, desanimada.

-Igualzinho ao nosso DML.

(*) – Está em Patricia Cornwell, “Fator Scarpetta”.

scar Se a dra. Scarpetta trabalhasse em Curitiba…
Posted on 30th outubro 2013 in Sem categoria  •  No comments yet
post

Estão mesmo conspirando contra seu iPhone 4?

tem que trocar Tem que trocar. .
.

Deu no New York Times.

Na edição de hoje, Catherine Rampel diz mais ou menos isso.

“No começo, achei que era minha imaginação. Quando os iphone 5S e 5C foram lançados, em setembro, notei que meu pobre e velho iphone 4 estava ficando mais lento. A bateria descarregava mais depressa também. Mas a mesma coisa parecia estar acontecendo com uma porção de gente que, como eu, é fã dos produtos da Apple.

Chamei os técnicos, eles disseram que o novo sistema operacional iOS7 faz os velhos modelos insuportavelmente lentos. As baterias da Apple, que têm um número de recargas finito, foram detonadas pelo novo software. A alternativa era pagar US$79, à Apple por uma nova bateria ou gastar um pouco mais para trocar por um iphone 5C. Parecia que a Apple estava me mandando uma mensagem não muito sutil – faça upgrade!”

Posted on 29th outubro 2013 in Sem categoria  •  No comments yet
post

O Caiuá, o Enem, a Curitiba perdida. (Ou, Uma viagem ao jardim das flores de plástico)

flor Janelas com vidros pequenos aumentam o lucro do construtor. Não se iluda com a flor – ela é de plástico.

.
A mulher magra no tubo da Cândido de Abreu não reclama de ônibus lotado.

-O problema é outro. É que depois da meia-noite não tem ônibus. Nem vazio, nem lotado – acaba tudo.

Os colegas do restaurante do Centro Cívico em que trabalha até 24h15min cinco dias por semana correm para leva-la ao ponto da Praça Rui Barbosa para pegar o último Tamandaré-Fazendinha. Quase sempre consegue. Mas, ao chegar no Caiuá, tem que enfrenter mais 1,5 km a pé até sua casa.

-Já me assaltaram – informa conformada. –Mas todo o mundo é assaltado de vez em quando.

Felizmente o ônibus hoje, domingo, está bem vazio.

Não é um domingo qualquer. Hoje é dia de Enem. Por toda parte da cidade há gente procurando destinos traçados por um computador do Ministério da Educação para os 64 mil candidados que fazem prova no Paraná.

A escolha do local da prova obedeceu a misteriosos critérios. Em vez de agrupar pessoas pelo local onde moram, como faz o Tribunal Eleitoral, o computador juntou grupos pelo primeiro nome. O colégio municipal Hildegard Sohndal, por exemplo, tornou-se o recanto das marias, marianas, marildas, que vieram de bairros menos periféricos para conhecer o Caiuá, quase na divisa com Araucária.

Com fama de perigoso, o Jardim Caiuá, junto com o Sabará, a Vila Verde e a Vila Nossa Senhora da Luz, foi alvo de uma grande operação policial no ano passado. Na manhã de terça-feira, 17 de julho, instalou-se aqui uma UPS, Unidade Paraná Seguro, para tentar diminuir a criminalidade. O Caiuá é um dos hot points da violência de Curitiba.

Só mesmo de GPS para chegar aqui. As mariasmarianasmariangelas vêm do Batel, Cabral, Ahu e Juvevê acompanhadas por pais e irmãos – todos de olho no mapa impresso no computador ou no GPS do celular. Arregalam os olhos para as janelas estreitas dos conjuntos habitacionais, os pequenos apartamentos de 40 metros quadrados, tão próximos um do outro que o varal de roupas de um toca no do vizinho. Procuram significado nas pichações. Juntam-se em frente ao colégio. Comentam e que tal se tem um senhor gordo e diabético morando no ultimo dos quatro andares sem elevador?

-Não conhecia aqui – diz uma dona de casa do Rio Grande do Sul decepcionada. –Pensava em casinhas pequenas, mas com um pedaço de jardim na parte da frente e um quintalzinho nos fundos. Esses conjuntos empilham as famílias sem sol e sem ar.

Um sonho dos arquitetos do IPPUC. Numa manhã de 1980 fui com o Raphael Deli visitar um dos conjuntos habitacionais humanizados que os arquitetos do IPPUC inventaram para Curitiba. Ali na região da CIC, os futuros moradores, sorteados pela Cohab, eram estimulados a procurar portões, janelas ou pisos de madeira nobre nos depósitos de demolição. A partir dessas peças eram projetadas casas de 60 metros quadrados, com jardim, quintal e até casinha para o cachorro.

-As casas não podem ser fabricadas em linha de montagem porque cada morador é diferente e a diferença tem que ser respeitada. Morar na casa que ajudou a projetar torna a pessoa mais feliz e o bairro mais bonito – explicou Raphael Deli, um dos idealizadores do Plano Diretor implantado a partir de 1970.

Os projetos de casas personalizadas não foram longe. Em 1985, com a vitória de Roberto Requião sobre Lerner, “mudou a política”, seja lá o que isso signifique. O IPPUC passou para outras mãos. E nunca mais, mesmo com a volta do grupo de Lerner, um futuro morador foi convidado pelos arquitetos a desenhar sua casa.

O mistério das linhas com nome errado. Curitiba é uma cidade cada vez mais intrigante. Quem chega de fora não entende as linhas de ônibus. Exemplo: a linha Tamandaré-Fazendinha não termina no Terminal Fazendinha, mas bem depois, no Terminal Caiuá. Então, porque o ônibus não se chama Tamandaré-Caiuá? Perguntem para a Urbs, para o IPPUC, para o Gustavo Fruet, que tem o domínio do fato.

Como vai a violência no Caiuá? Ainda há um homicídio aqui outro ali. Mas diminuiu muito, diz o dono da padaria, que mantém as grades na entrada. Também são conservados os rolos de arame farpado no alto do muro que cerca cada conjunto.

O bairro parece menos assustador nas manhãs de domingo, com pessoas se cumprimentando na volta da feira e flores – vá lá, algumas são de plástico – colorindo as janelas apertadas.

.aza Queriam uma casa projetada, humanizada, com jardim e quintal – e até casinha do cachorro. Deu nisso.

Posted on 28th outubro 2013 in Sem categoria  •  No comments yet