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Governo e política, crime e segurança, arte, escola, dinheiro e principalmente gente da cidade sem portas

Sobre

Este blog é herdeiro da coluna “Cidade sem Portas”, publicada nos anos 1970 no jornal O Estado do Paraná. E a coluna descendia da peça do mesmo nome, escrita por mim e pelo Paulo Vítola, montada em 1973 no Teatro Paiol.

O título refere-se à liberdade escassa da época – o que não significa que hoje ela seja abundante, Não é livre o desempregado, o semialfabetizado, o uberizado, o sem teto, o sem banda larga.

A idéia da cidade sem portas, do povo sem medo, é de Carlos Drummond de Andrade no poema Cidade Prevista, escrito entre 1943 e 1945, durante o Estado Novo. O poeta exortava: “Irmãos, cantai esse mundo que não verei, mas virá/ um dia, dentro em mil anos, talvez mais…não tenho pressa. Um mundo enfim ordenado, uma pátria sem fronteiras, sem leis e regulamentos, uma terra sem bandeiras, sem igrejas, nem quartéis, sem dor, sem febre, sem ouro.”

A cidade sem portas é sonho que vem de longe: é aquela da Utopia, a cidade bela que Tomas Morus descreveu no século 16 para condenar a injustiça na Inglaterra, onde os camponeses expulsos da terra passavam fome nas ruas.

E é também a cidade desejada por Platão na República, um lugar de riso e gloria governado por um rei-filósofo e por magistrados escolhidos pela sabedoria, cujas decisões são boas porque se baseiam na ciência.