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Por que alguns discursos soam melhor do que outros? Porque usam com mais habilidade as ferramentas da retórica. Uma das melhores é a repetição.
“A guerra só será abolida através da guerra.” (Mao Tse-tung)
“Só se acaba com a violência com violência maior.” (Jair Bolsonaro)
Cada um deles produziu a sua anadiplose, instrumento de persuasão que se forma quando a mesma palavra está no começo e no fim da frase.
A anadiplose, como outras figuras de retórica, vive da boa memória e do senso de oportunidade do orador. Aquele “canalhas! canalhas! canalhas!” do Requião é uma epizeuxe, prima irmã da anadiplose. Saiu bonita da tribuna do Senado. Achei outro exemplo de epizeuxe, menos belicoso: “…e eu vos darei tudo, tudo, tudo, tudo, tudo, tudo …”
(Machado de Assis. Histórias sem Data, p.6)
Repetições fizeram a fama também de Winston Churchill: “Nunca ceda, nunca ceda, nunca, nunca, nunca – em nada, grande ou pequeno, maiúsculo ou insignificante – nunca ceda exceto para as afirmações de honra e bom senso.”
Em matéria de persuasão ninguém foi melhor nem é mais atual do que Leonel Brizola: ““Nós queremos um regime que não seja apenas da raposa, queremos um regime da raposa e da galinha, onde existam espaços para os dois.”