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Cadernos de cultura, o jornalismo brasileiro produziu muitos. No Correio da Manhã, no Estadão, no Jornal do Brasil.
Em Curitiba surgiram o Anexo, criado por Reynaldo Jardim no Diário do Paraná, e o Fim de Semana, do Estado do Paraná, agora resgatado pela professora Selma Suely Teixeira graças ao apoio de Marilene e Francisco Millarch, esposa e filho do jornalista Aramis Millarch, que cederam a coleção completa à autora. Quem puder, deve correr à livraria para obter um exemplar de “Fim de Semana: um jornal feito com paixão pela cultura”, 505 páginas, edição do autor, que recebeu investimento da Caixa Econômica, através da Lei de Incentivo
O suplemento Fim de Semana nasceu em março de 1978, idealizado por Jean Luiz Feder, Luiz Fernando Bond e Marcia Bicudo. Mais tarde, Aramis Millarch, Mussa José Assis, Dante Mendonça e Mai Nascimento assumiram o caderno, destinado a informar o curitibano sobre as atividades culturais, que aos poucos transformou-se em veículo de ideias e inquietações de uma sociedade que vivia sob o comando dos generais.
Aqui terminava o governo Canet, um político que tinha autoridade mas não era autoritária. Um período de muito desenvolvimento para o Estado, que em quatro anos ganhou 4.100 quilômetros de rodovias pavimentadas, seis mil novas salas de aula, um novo Estatuto do Magistério e a retomada dos concursos públicos para acesso à carreira entre outros resultados de uma excelente administração.
Ney Braga assumia o governo pela segunda vez. Os paranaenses Karlos Rischbieter e Maurício Schulman presidiam o Banco do Brasil e Banco Nacional de Habitação.
Jaimer Lerner voltava à Prefeitura com seu estilo de prefeito sem gravata, criativo, bom de diálogo, amigo das artes. Consolidava-se a Cidade Industrial de Curitiba com a chegada da fábrica de caminhões pesados da Volvo e outras indústrias estratégicas.
Havia no ar uma certeza: as coisas estavam boas e iam continuar melhorando. “Fim de Semana…” conta esse tempo do ponto de vista cultural. É um documento do maior interesse público, que envolveu dezenas de pessoas e não seria possível sem o apoio da família de Aramis Millarch, provavelmente nosso mais importante pesquisador.
A história do período está nos arquivos do Aramis, preservados graças a um projeto que teve o apoio da Petrobrás e a energia da esposa Marilene e do filho Francisco. São gravações, fotografias, filmes e grandes entrevistas que ele promoveu com figuras tão variadas como a produtora teatral Ruth Escobar, o cientista Newton Freire-Maia, a cantora Ellis Regina ou o pesquisador Cid Distefani. Através deles, e de outros repórteres, fotógrafos, cronistas, temos um retrato rico e detalhado daquela época cheia de esperança na volta da democracia e na construção de uma sociedade igualitária, bonita e inovadora.
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