Caminhos da Seda

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Colonos holandeses na Índia. (New York Review)

 

 

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The Silk Road, a New History of the World, de Peter Francopan, (Ejd. Knopf, 645 pag, US$30,00, ou US$17,44 na Amazon) – considerado o melhor livro de história de 2015 – ainda não foi traduzido. Mas quem quiser aventurar-se na versão inglesa vai sair na frente naquilo que parece urgente para os sulamericanos  – confirmar que o mundo não nasceu eurocêntrico, nem o eurocentrismo com a sua variante anglo-norteamericana é o único farol a nos guiar.

 

O objetivo escancarado de Francopan, historiador da Universidade de Oxford, onde dirige o Oxford Centre for Byzantine Research, é virar os refletores que hoje iluminam a Europa para o Iran e os stãos da Asia Central, até mesmo o Afganistão. Essas regiões, segundo ele, foram os verdadeiros motores do mundo.

 

Em vez da China, com a promessa de quadruplicação da demanda de bens de luxo nos próximos dez anos, ou da India, onde mais gente tem acesso ao telefone celular do que ao aparelho sanitário, convém olhar para a região situada entre o Leste e o Oeste, ligando a Europa ao Oceano Pacífico. “Foi nesse eixo que o mundo evoluiu”, escreve o autor.

 

Silk Road, lembra Collin Thubron, da New York Review, não é uma designação muito antiga. O termo Seidenstrasse foi cunhado em 1877 pelo geógrafo alemão Ferdinand von Tichthofen para descrever, geralmente no plural, o emaranhado de caminhos do comércio entre a China e o Mediterrêneo. Essas vias foram usadas pelos romanos para negociar com a grande dinastia Han, em 207 Antes de Cristo. Ou quando as invasões mongóis foram consolidadas na Pax Mongolica no coração da Asia.

 

Dois mil anos atrás, diz Frankopan, sedas chinesas eram usadas pela elite de Cartago, ricos iranianos possuiam cerâmica Provençal, enquanto especiarias da India seguiam para cozinhas de Roma e do Afganistão. Mas se o comércio, a promessa de ganhos, foi o motor que levou as pessoas ao longo dos caminhos da seda, outras coisas seguiram junto. As campanhas militares de Alexandre o Grande levaram a cultura grega ao Vale do Indo – um dos locais onde nasceu a civilização –  e um dos resultados foi que o deus Buda ganhou forma e o budismo tornou-se popular. O cristianismo espalhou-se ao longo das estradas da seda. Avanços científicos, ideias filosóficas e muitos mais resultados dessa fertilização cruzada que expos o Ocidente ao Oriente.

 

 

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Para o Brasil, o desafio consiste em esquecer um pouco Vasco da Gama, Cristovão Colombo e Pedro Alvares Cabral e pensar nos caminhos pioneiros que levararam para oeste do meridiano de Tordesilhas. Está ai, desconhecida da maioria, a Iniciativa para a Integração da Infraestrutura Regional Sul-Americana, (IIRSA), programa conjunto dos governos dos 12 países para estimular a integração política, econômica e sociocultural da América do Sul.

Há um grande mercado interno a ser expandido. E há o nosso Caminho da Seda, a ferrovia Brasil-Bolívia-Peru, que pode reduzir a US$30 o frete da tonelada de soja importada pela China.

 

 

 

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