Banda larga

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Bom dia. A semana começa com uma correspondência de antigo fornecedor de banda larga. “O pagamento de sua assinatura não foi identificado em nosso sistema”.

Fornece um número 0800. Explique-se.

Sei que agora o ônus da prova pulou para o lado de cá. Que bom que posso me explicar. Ligo.

Uma voz de computador informa: “O número discado não existe”.

Tento do celular. Outra voz: “O telefone que você está usando não está cadastrado. Por favor, cadas…”

A voz some. Cadastrar onde? E se não cadastrar, agrava-se a culpa?

A denúncia provavelmente faz parte de uma delação premiada, qual delas? Pelas novas regras, ao renegociar o pagamento do que deve, o cliente terá desconto se apontar o nome de outros inadimplentes. Como Josef K, serei detido certa manhã sem ter feito mal a ninguém.

Detido e interrogado. “Por que não pagou a conta da banda larga?” Paguei, doutor; paguei e me mudei para outra operadora.

“Por que não avisou através do formulário M3?”

Preenchi e enviei para o email da cobrança. “Mas ele não foi recebido. Você tem o protocolo de recebimento?”

Não tenho.

“Eis a prova de que o formulário com o pedido de baixa de sua conta de banda larga não foi recebido. Se não foi recebido, não foi enviado. Você está mentindo! Isso é mau. Já ouviu falar em Guantanamo?”

O outro interrogador – sempre há um bonzinho e um mau – intervém.

“Você devia pedir para falar com seu advogado.”

Posso falar com meu advogado?

Fui autorizado a chamar o advogado. Há 12 horas e meia esperamos, o advogado e eu, pela voz do lado de lá da linha. Até que ela fala.

“Obrigado por ter ligado. Nossos atendentes estão ocupados neste momento mas logo um deles falará com você.”

Vou esperar. Não como um reu impaciente, mas conformado com o admirável mundo hightech que rege esta Sereníssima República.

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