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Estavamos à toa rodando pela Toscana quando apareceu no mapa a ilha de Elba. Foi o jeito, porque o hotel de Roma só estaria disponível dali a três dias e na Europa o mundo é mau para quem não tem plano de viagem bem organizado.
De Siena para Porto Ferraio é um pulo. O ferryboat geralmente espera no porto com a enorme garagem aberta. Filas só no pico do verão e andam rápido. Ceu azul. Há tempo para tomar um suco no deck enquanto os vinte quilômetros são vencidos.
Elba nunca está nos projetos dos viajantes erráticos. Devia estar, principalmente agora que a ilha em festa comemora 200 anos da chegada de Napoleão e seus 400 cortesãos de alto nível. Além aspones e puxa-sacos de praxe, havia na comitiva imperial muitos arquitetos, engenheiros, geógrafos, professores, astrônomos, médicos.
A história de Napoleão em Elba é rápida. Celestine Bohlen conta no New York Times de hoje que o exílio do imperador não durou mais do que dez meses. Começou no dia 4 de maio, com a chegada da caravana colorida.
No dia seguinte ele começou um projeto para colocar Elba no mapa do mundo. Com energia incrível foi transformando o pequeno reino/prisão. Construiu estradas que estão lá até hoje. Introduziu latrinas e sistemas de irrigação para plantar novas colheiras. Reorganizou o hospital, ergueu um observatório astronômico e – providência menos popular para a população de 13 mil – criou novos impostos.
Nesse brevíssimo tempo Napoleão também inaugurou um teatro e trouxe – ao lado de sua mãe Letícia, da irmã Pauline e, por um breve período, da amante polonesa Maria Walewska – um senso de estilo e de savoir vivre desconhecidos.
A história de Napoleão em Elba praticamente nos obriga a uma comparação com as obras da Copa, iniciadas em 2007 e metade vergonhosamente inacabadas. O quê aconteceu em Elba que não deu certo aqui?
Melhor nem tentar entender. Napoleão era Napoleão, Aldo Rebelo é Aldo Rebelo.