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Quem sonhava com viagem em transatlântico de luxo não precisa mais sonhar.
O roteiro do luxo está traçado. A publicidade anuncia amplas suítes com vista para o mar. Os mais belos destinos em sete continentes. Atendimento personalizado por comissários que falam sua língua. Restaurantes abertos 24 horas. Cassino, club, fitness e beauty center.
Você será recebido a bordo por um staff em uniforme de gala, que servirá o melhor champagne em taças de cristal da Bohemia.
Não é cedo para toda essa festa?
Claro que é. O governo dos EUA só liberou os cruzeiros para atender a pressão da indústria do turismo da Flórida, um dos estados-pêndulo que podem dar a vitória a Trump dia 3 de novembro.
Agora, vejam a crueldade das companhias que se preparam para voltar a operar: elas mantém milhares de tripulantes trancados em navios sem receber pagamento. Haitianos, salvadorenhos, panamenhos, sem dinheiro e sem passaporte. Eles ficam à mercê dos empregadores.
O Miami Herald informa que para a tripulação do navio Grand Celebration, da Bahamas Paradise Cruise Line, atracado em Palm Beach, a espera foi particularmente difícil. O pessoal da limpeza e da cozinha trabalhou sem salário desde março e agora entrou com uma reclamação (class action) no tribunal federal de Miami.
A ação diz que a companhia obrigou os empregados a trabalhos forçados. Entre outras acusações.
Apesar dos abusos denunciados, o governo dos EUA faz um único pedido às companhias de navegação: os cruzeiros devem respeitar “procedimentos seguros”.
Se der zebra, a responsabilidade é das companhias marítimas.
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