Os Dez Incorruptíveis

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Geraldo Elias, Raul de Souza, José Ribeiro de Brito, João Bento de Lacerda, cabo Altair, Edgar Hunderdorf, Antonio Barbosa de Moura, Dario Livino Torres, maestro Arnaldo (sentado). Só essa metade da Banda da Base já era um duplo choque de qualidade.

 

 

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No livro “Curitiba no Tempo do Jazz Band”, à venda na Livrarias Curitiba, no Chaim e na Joaquim, conto a história da Banda da Base. É exemplar.

Em 1957, o brigadeiro Lauro Menescal, comandante da Base Aérea de Curitiba, recebeu autorização do Ministério da Aeronáutica para criar uma banda militar. Olhou em torno, viu um deserto. Os bons músicos – trompetistas, trombonistas, clarinetistas – estavam na Banda da Polícia Militar.

Curitiba, apelidada de Pianópolis pelo Gebram Sabbag, não lidava com o naipe de metais. Em compensação, produzia safras abundantes de mocinhas prendadas que executavam “Cerejeiras do Japão” em saraus lítero-musicais.

Foi aberto concurso e os candidatos escolhidos – ESCOLHIDOS! – entre integrantes das grandes orquestras do Rio de Janeiro. Chegaram e mudaram tudo. O som da banda era brilhante e suingado. Alguém ai assistiu The Glenn Muller Story, com James Stewart? Pois aquele jazz era aqui. Os músicos locais trataram de estudar para não fazer feio perante os colegas e tornaram-se também craques nos metais.

Os economistas chamam a isso choque de qualidade. Eu chamo de final feliz.

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Agora, proponho pensar por analogia.

Que aconteceria se nós, eleitores, jogássemos dez deputados absolutamente honestos, competentes e incorruptíveis dentro do Congresso Nacional?

Seria o efeito maçã podre ao contrário.

Os dez converteriam outros dez, e os vinte mais vinte, e mais quarenta – até formar uma maioria de bons e sinceros representantes do povo.

Um poder legislativo restaurado, lotado de gente séria, contaminaria o poder executivo. Primeiro através do discurso, depois com o uso das Comissões Parlamentares de Inquérito – CPIs de verdade, que teriam começo, meio e fim, jamais terminando em pizza.

O poder executivo, recuperado da orgia de corrupção, transformaria a receita pública em escolas, estradas, casas populares, rádio e televisão públicas com a qualidade da BBC, serviços de saúde padrão escandinavo.

Mais ainda: o executivo purificado contagiaria o judiciário. Salários seriam ajustados para evitar excessos, pilhas de processos rapidamente julgados, milhares de moleques presos com 50 gramas de maconha deixariam de aguardar a sentença em penitenciárias.

Além disso, grupos de juízes passariam a questionar os atuais processos de ingresso na magistratura, de olho no modelo by appointment da Inglaterra. Lá, juiz da corte suprema não tem carro oficial. Há na Internet um documentário da BBC mostrando aqueles sábios no metrô, junto com o povo, a caminho do trabalho.

Um dia, o Steven Spielberg filmaria toda a saga que começou com dez homens bons entrando no Congresso Nacional. E “Os Dez Incorruptíveis”, com Tom Hanks como senador e Merryl Streep presidente da Câmara, ganharia quinze indicações para o Oscar

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