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Concerto da Banda Sinfônica, em comemoração aos 155 anos da Polícia Militar do Paraná. Foto de Paulo Rosa
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A coisa está tão feia que os amigos perguntam se há alguma coisa boa para se comemorar.
Claro que há. Agora, no próximo dia 4 de julho, a Banda Sinfônica da Polícia Militar do Paraná faz aniversário. Número redondo – completa 160 anos.
Sabe de alguma outra instituição amada pelos curitibanos que tenha resistido tanto tempo?
Anos de glória. Nada a denegrí-la, a tirar o brilho da trajetória que teve até uma passagem pela guerra do Paraguai, em 1865.
O único mau momento foi por volta de 1957 – ano do centenário! – quando deixou brecha para que o pessoal da Aeronáutica montasse uma banda inesquecível, porque foi formada pelos maiores ases da música que atuavam no Rio de Janeiro.
A CONCORRÊNCIA
De maneira um tanto heterodoxa, o comandante da Base Aérea do Bacacheri mandou um subordinado, o sargento Natércio Santos, à ainda capital da República. Missão: instalar-se no ponto dos músicos, nas escadarias do Teatro João Caetano, e convidar os cobras para vir tocar aqui.
Lembre: era 1957. Vinicius de Morais e Antonio Carlos Jobim estavam terminando Canção do Amor Demais, que Elizeth Cardoso gravaria no ano seguinte. Era o início oficial da bossa nova. Por toda parte havia música ao vivo, principalmente no Beco das Garrafas, em Copacabana. Músicos de todo país corriam para o Rio. Poucos conseguiam uma situação estável na profissão.
Em troca de salário garantido no fim do mês e aposentadoria no fim da carreira, vieram alguns dos melhores. Sorte que o brigadeiro só dispunha de autorização para contratar 27 músicos. Caso contrário faria também sua banda sinfônica para concorrer com a PM.
D. PEDRO II, UM FÃ
Os admiradores da banda da PM costumam lembrar que só ela foi elogiada pelo imperador Pedro II, um senhor de muito bom gosto musical, frequentador das óperas de Paris e Milão. Foi no dia 20 de maio de 1880.
Sem a banda da PM teria sido impossível inaugurar o velho Teatro Guaira, em 1917. A aniversário meio século da apresentação também é agora, no dia 11 de julho.
Em 1959, o próprio presidente Juscelino Kubitschek fez questão de convidar a nossa banda sinfônica para ajudar a inaugurar Brasília. JK era capitão-médico da Polícia Militar de Minas Gerais e entendia de bandas.
Nas grandes paradas de 7 de Setembro ela chegou a desfilar com 159 integrantes. Regida pelo maestro Angelo Antonello, gravou discos que poderiam ser relançados agora. Alguém se candidata a patrocinar o evento?
No repertório, o destaque era a ouverture de O Guarani, de Carlos Gomes, e dobrados militares.
Nas noites de sábado, para os elegantes bailes do Clube Curitibano, a banda tirava o uniforme e virava a ótima Orquestra do Antonello.