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Curitiba é uma das 50 cidades mais perigosas do mundo. Alcançou a taxa de 39 homicídios por 100 mil habitantes no ranking do insuspeito Conselho Cidadão para a Segurança Pública e Justiça Penal.
Maior que a do Rio com todas suas lendas.
Maior que a de São Paulo, terra natal do PCC.
O que fazer: fechar-se no quarto e chorar até pararem de matar gente?
Claro que não. O certo é encarar positivamente o fato. Somos bons de crime.
Chicago, por exemplo, era boa de crime nos tempos do velho Al.
Matava-se muito – e bem.
Todo mundo bateu palmas para o filme Robin Hood de Chicago (Robin and the 7 Hoods, 1964), com Frank Sinatra, Sammy Davis, Bing Crosby. É inesquecível a cena em que o chefão Big Jim (Edward G. Robinson) é assassinado por Guy Gisborne (Peter Falk) durante o Parabéns Pra Você do aniversário.
Crime é show business.
Show business é emprego, encomendas às indústrias, geração de impostos – tudo que o Brasil está precisando.
Em Londres há um circuito turistico para visitar os locais onde Jack Estripador fez suas vítimas. Guias contam detalhes do crime, cogitam teorias sobre a fuga, envolvem o turista na atmosfera de medo e deslumbramento pelo talento do criminoso. Não deixam de mencionar que a Scotland Yard acabou descobrindo tudo, por isso podemos ficar tranquilos e curtir a incursão pelo mundo do crime.
O marketing precisa reposicionar nossa cidade. Em vez de Capital Ecológica, queremos ser vistos como a Chicago ao sul do Equador. A Londres do Estripador pode virar a Curitiba do Vampiro. É aproveitar o momento. Não é todo dia que você ganha mídia planetária no topo das cidades perigosas.
É preciso criar um novo roteiro para o ônibus turístico. Não é difícil, com a abundância de crimes fatais, cada história melhor que a outra. O chefão do tráfico na CIC se apaixona pela namorada do distribuidor em Santa Felicidade. Do amor à chacina e à desova de corpos. Bum! O bandido atira e fala: Este nunca sairá em decúbito dorsal na Tribuna!(Ri)
O marginal ruim de pontaria que ficou rico sumindo com os presuntos (Art. 211) em seu cemitério clandestino é uma história exemplar de inovação e empreendedorismo.
Curitiba, a Perigosa, oferece um mundo de oportunidades para roteiristas, diretores, produtores.
Mas é bom correr com o projeto.
Natal, a cidade com 70 homicídios por 100 mil habitantes, está no centro de uma região turística. Alguém de lá pode roubar (Art. 157) ou furtar (Art. 155) a ideia.
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P.S. – Não esqueçam de colocar vidro blindado no ônibus dos turistas.