O Capitão Fantástico e a nossa educação pública irreal

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O professor.

 

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A comédia de Matt Ross discute a utopia.

 

Um pai (Ben, interpretado por Viggo Mortensen) que vive nas florestas do noroeste americano, no estado de Washington, dá aos seis filhos uma educação integral, que inclui filosofia, línguas, ciências. É um professor eficiente. Uma prova: as crianças conversam em esperanto quando o assunto é particular.

 

A esposa Leslie (Trin Miller) vai para um hospital na capital tratar grave depressão. O tratamento não tem êxito e ela se suicida. A família deixa o paraíso da mata para o funeral.

 

Ao confrontarem-se com a civilização urbana surgem problemas com os filhos do casal. Eles sabem tudo que está nos livros, pouco para a vida diária. A questão é decidir o que vale mais: operar um videogame ou conhecer os direitos fundamentais inscritos na Constituição?

 

O filme tem boas situações, como quando os filhos de Ben, repletos de informação política e científica, encontram os primos da cidade, que sabem tudo sobre games.

 

É possível passar uma noite tomando cerveja e discutindo as questões éticas e sociais que o filme levanta. Ou, como sugere Claudia Costin, consultora do Banco Mundial e ex-ministra de Estado, levar à sala de aula a conversa de boteco.

 

Diz a professora: “A conversa deveria ser coletiva na escola: em grupos e, depois, de maneira centralizada. A dinâmica da aulas deveria lembrar mais nossas rodas de conversa do que uma palestra. Nada é mais contrário à nossa cultura fora dos muros da escola do que a forma como damos aula hoje.”

 

Há uma experiência bem sucedida no Rio de Janeiro. A escola ao lado da sede do maior bloco carnavalesco funciona na base da discussão de temas que estão nas mesas de todos os botequins do Brasil – impeachment, lei Maria da Penha, descriminalização da maconha. Adianta? Do jeito que está funciona? Por que o sistema eleitoral brasileiro não dá certo? Por que a saúde pública anda mal?

 

No contraturno os alunos aprendem a afinar tamborim, acertar a virada da bateria, compor samba enredo. E ainda sobra tempo para bater bola no pátio.

 

Quando o Jaime Lerner foi prefeito pela primeira vez, em 1988, surgiu a ideia de fazer uma escola com contraturno esperto no antigo campo do Britânia, então Colorado, hoje Paraná. Os futuros alunos estavam ali, do outro lado da Avenida das Torres, na Vila Pinto.

 

Se desse certo a escola seria mais um ícone de Curitiba. Como a Opera de Arame ou a estufa do Jardim Botânico. Talvez mais, porque educação andava na moda, com o Jaime no PDT do Brizola e o Darci Ribeiro batendo ponto quase todo mês.

 

Por que não deu certo? Porque os cartolas não entenderam o alcance do projeto. Apenas comemoraram o fim de seus problemas financeiros. E pediram de aluguel o suficiente para contratar o Zico.

 

 

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