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Agora, após cada debate, uma dezena de experts conferem o que cada candidato alegou contra o outro ou em benefício próprio. Os brasileiros deviam fazer o mesmo?
Fique esperto com essa moda. Checagem dos fatos dá mais qualidade ao debate eleitoral, mas também serve para influenciar a opinião pública
Trata-se de uma velha novidade. Tem no mínimo quarenta anos, quando a NBC começou a verificar o que os candidatos diziam. O problema aparece quando há gente fazendo checagem apaixonada em prol de seu candidato.
New York Times, The Washington Post e Politico forçaram a mão nas críticas às mentiras, meias verdades e hipérboles de Donald Trump.
É um território perigoso para a profissão. James Taranto, do Wall Street Journal, escreveu no Twitter: “Fact checking é jornalismo de opinião fingindo que é objetivo.”
Está no Washington Times, que não odeia o Partido Republicano. Ele sustenta que os checadores de fatos são na verdade jornalistas liberais (nos EUA liberal significa de esquerda) tentando provar narrativas preconceituosas.
Para isso, segundo o Drudge Report, eles escolhem, na base de dados, fatos e números que lhes interessam – e ignoram o resto.
Yes, estatísticas podem ser manipuladas. Para cada estudo que chega do Brookings Institute, a Heritage Foundation pode ter um contra-argumento, utilizando diferente metodologia.
Exemplo 1: Trump disse que enquanto Secretária de Estado Hillary destruiu 13 celulares a marteladas. O fact checking revelou que foram apenas dois celulares.
Exemplo 2: Trump disse que nos EUA há cidades muito mais perigosas do que o Afganistão. Os checadores informam que nenhuma cidade americana se parece com zona de guerra, mas que o crime aumentou recentemente em várias, como Chicago.
O New York Times publicou, dia 9 de setembro, que “o número de homicídios aumentou em um quarto das cem maiores cidades.”
Exemplo 3: Trump afirmou que Hillary vai aumentar substancialmente os impostos. (Comício em 9 de setembro na Carolina do Norte). Checando a informação descobriu-se que Hillary não liberou em detalhes seu plano fiscal, mas parece que ela promete diminuir a carga tributária para famílias com menos de 250 mil dólares de renda anual e aumentar impostos nas camadas mais altas de renda.
Em dezembro, George Stephanopoulos, da ABC News, perguntou a ela a respeito de redução de carga tributária para famílias de renda menor: “Este é um compromisso firme?” Hillary foi evasiva: “Certamente é o meu objetivo”.