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Miles Teller é aquele de Whiplash, que ganhou o Oscar. Jonah Hill cria um tipo em homenagem ao Lobo de Wall Street, de Martin Scorcese
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Ir ao cinema é melhor do que pagar Cultura Inglesa.
A Cultura não é muito boa de gíria.
Assista esse Cães de Guerra e confirme: é uma aula magna de inglês. Inglês da pesada, das bocas quentes. Habilita você a viver na madrugada de Miami ou de Las Vegas, palco da maior feira de armas do mundo.
O filme de Todd Phillips, aquele da série Hangover, como Jonah Hill (Efraim Diveroli), Miles Teller (David Packouz) e Bradley Cooper (Henry Girard, chefão do negócio de armas).
Ensina, por exemplo, o que significa bake out. Lembra que a turma dizia: “O fulano tá cozido?” Baked out significa assado. Fechado em um forno. Conheci um cara que fazia isso na década de 1970 – mandava a turma entrar em seu fusquinha, fechava bem as janelas e acendia um enorme baseado. Em minutos o ar era só fumaça. Todo mundo respirava fundo e ficava baked out.
Esta utilíssima aula de inglês prossegue: há bagulhos que são mind-blowing. Consumidos talvez num bong hit. “Hey, mamma, came over and hit the bong!”
Servindo a própria mãe, mother fucker?
Além de se apropriar de toda essa cultura marginal, indispensável para o turismo de hoje, em Cães de Guerra tem-se uma aula sobre a guerra moderna.
Explica Packouz em voice over sobre imagens de militares em ação: O que você sabe sobre guerra? Eles dizem que é uma questão de patriotismo, democracia…ou falam alguma merda sobre um cara que odeia nossa liberdade. Mas quer saber sobre o que é mesmo? O que você está vendo? Um guri de Arkansas cumprindo o dever patriótico de defender seu país? Eu vejo um capacete, luvas à prova de fogo, colete à prova de bala e um M16. Vejo 17.500 dólares. É o que custa o equipamento do soldado americano. Mais de dois milhões de soldados lutaram no Iraque e Afghanistão. Isso custa ao contribuinte 4,5 bilhões de dólares por ano só para pagar a conta dessas guerras. E é isso. Guerra é um assunto econômico. Quem disser outra coisa é porque é burro ou está levando vantagem.
É uma comédia de 114 minutos – 90 absolutamente assistíveis. Custou 40 milhões de dólares. Em uma semana rendeu 37 milhões de bilheteria só nos Estados Unidos. Not bad.
Resumo: dois amigos de vinte e poucos anos vivem em Miami duranta a guerra do Iraque, aquela que Geaorge W Bush fez para agradar os taxanos donos do petróleo e outros amigos donos de fábricas de armas. Miles faz massagem e quando necessário masturba clientes ricos para manter a esposa e filha, tem tudo para virar um perdedor. Diveroli é o contrário, um bom vivant cheirador de pó, capaz de pagar mil dólares por uma garota gostosa. Ganhou esse dinheiro vendendo armas para o governo, que precisa de intermediários porque não quer deixar as digitais em guerras sujas do Oriente Médio e alhures.
Os dois estão ficando ricos com esses negócios, que são apenas migalhas comparado com as fortunas investidas pelo governo com empresas maiores. Um dia conseguem um contrato de 300 milhões de dólares, graças a Girard. As coisas se complicam quando descobrem que estão intermediando a compra de 47 milhões de cartuchos de munição vencida.
O filme é amoral, divertido e, como foi dito no início, muito instrutivo.
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