Breaking the branch (*)

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Quebra-galho olímpico.

 

 

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O jeitinho desafia jornalistas de fora.

Em 2009, Lula negociou quase ao mesmo tempo a vinda da Copa do Mundo e das Olimpíadas. As finanças iam mal, como vão mal desde 1824, quando Dom Pedro I pediu emprestados três milhões de libras esterlinas para indenizar Portugal pela independência.

Nosso governo sempre deu um jeitinho – little way – para as contas aparecerem melhor nos relatórios de fim de ano.

O little way era uma manobra contábil do Tesouro para cumprir as metas fiscais. Em 2012, o blog Beyond Brics, do Financial Times, chamou o ministro da Fazenda Guido Mantega de “profissional do jeitinho”. E explicou: o Banco Central permite que caiam os juros interbancários no fim do dia para dar um gás à economia sem ter que cortar juros.

Esse e outros little ways foram contestados, não pelo Tribunal de Contas da União, que sempre aprovou as contas, mas pelos tradutores. Beeline (caminho mais curto) seria uma tradução melhor, segundo Luiz Costa Pereira Junior, na revista Lingua.

Outros preferem short cut (atalho) para explicar a maneira como os brasileiros contornam obstáculos e proibições legais. Sem ferir a lei.

Em 1948, o imigrante Giuseppe Bertollo, o maestro Beppi, recém-chegado a Curitiba, estranhou que seu tio Romeo continuasse jogando no bicho depois que o presidente da República pessoalmente promulgou lei proibindo a contravenção.

-Se parar o jogo cem mil pessoas ficam sem emprego em todo Brasil, Beppi – explicou o tio. –Foi preciso dar um jeito.

A saída foi levar o jogo para a sala dos fundos do botequim. Na frente, o dono vendia pinga, pão e bilhetes da Loteria Federal.

Fernando Meirelles, um dos diretores do show de abertura das Olimpiadas 2016, atualizou o jeitinho ao explicar que, devido aos cortes no orçamento, ele, Andrucha Waddington, Abel Gomes e Daniela Thomas apelaram para uma gambiarra.

Gambiarra?

O Huaiss diz que isso é uma ligação clandestina de luz ou sinal de TV a cabo. O pessoal de teatro informa que se trata de um conjunto de luzes para iluminar o palco. A turma da computação usa a palavra para definir o jeito rápido meio tosco de escrever um programa.

No fundo, todo mundo falou a mesma coisa: gambiarra é um jeitinho. Um atalho. Um quebra-galho.

Por falar nisso, como se diz quebra-galho em inglês: broken branch?

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(*) Quebrando o galho. Portinglish castiço.

 

 

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