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Patrimônio não se vende; patrimônio se administra, se acrescenta, se valoriza para as gerações seguintes.
Lembro desse conselho ao ler na pag.2 do combalido caderno de esportes da Gazeta: “Coxa informa prefeitura sobre “novo Couto”.
Convem corrigir. Não foi o Coxa, mas o vice-presidente Alceni Guerra que achou de chegar no Gustavo Fruet para contar dos quatro projetos para substituir o Couto.
Primeiro, derrubar o atual e construir um novo, o “mais moderno do Brasil”
Segundo, construir em outro lugar, talvez no Pinheirão. Terceiro, fazer parceria com o Atlético e jogar na Arena da Baixada. Quarto, parceria com o Paraná.
Achava que o Alceni entrou na diretoria para ajudar o Coxa a chegar aos 45 pontos e esquecer a segunda divisão.
Foi naquele domingo, 6 de janeiro de 2009. Bastava uma vitória simples no Couto e o Fluminense iria para a Segundona. Mas teve o gol de Fred aos 26 min e foi pouco o gol de Pereira no final porque o Botafogo havia ganhou do Palmeiras por 2 a 1..
O Coxa caiu com Nei Franco, que está ai de novo. Não é mau técnico, mas não conseguiu injetar no time aquela energia que Cuca transmitiu ao Fluminense – quando entrou em campo, o Flu contabilizava 11 jogos de invencibilidade.
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Temos que garantir os 45 pontos. Ninguém quer ver de novo a torcida chorando, o estádio depredado, uns idiotas gritando: “Vamos para Santa Felicidade jogar pedra na casa do Cuca!”
O estádio precisa de umas reformas. Mas continua sendo o maior estádio de Curitiba e o mais bem situado. Tem transporte coletivo na frente e está a duas quadras da Estrutural por onde um dia passará o metrô. Nunca haverá metrô para a Baixada.
É bom lembrar o que aconteceu com clubes de muita história, que abriram mão de seu estádio.
O América do Rio tinha uma sede maravilhosa na rua Campos Sales, coração da Tijuca. Conta José Trajano, em “Tijucamerica”, da Editora Paralela: “A Sede do América tinha piscina – que chamávamos de banheirão – ginásio de esportes, salão de festas, bar que fazia cachorro-quente, a barbearia do Seu Joaquim, uma linda sala de troféus, salinha de cinema, playground e o estádio de futebol. Tudo pequeno mas muito charmoso.”
Em 1962 prometeram construir uma sede mais moderna, estádio melhor, grandes piscinas, no bairro do Andarai. O novo estádio distanciou o clube de sua torcida. Depois que saiu da Tijuca, o América só conquistou títulos menores. O estádio do Andarai deu lugar a um shopping em novo negócio imobiliário. Sobrou dinheiro para comprar um campinho no Município de Mesquita.
Hoje o América disputa a segunda divisão do campeonato carioca e não consegue vaga nem na série D do Brasileiro.
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Por isso, se depender de mim, sair do Couto só morto!