Robert de Niro e a inferência negativa

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Vim falar do filme

 

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Robert de Niro abandonou uma entrevista na Inglaterra alegando ser vítima de “inferência negativa”. De Niro não gostou da sugestão feita pela entrevistadora de que Tribeca, o festival de cinema de Nova York de que é co-fundador, “está dominado por banqueiros.”

O raciocínio da jornalista era o seguinte. A) Tribeca (Triangle Beyond Canal, tradução: Triângulo Além da Canal Street) é uma região no sul da ilha de Manhattan, ao lado de Wall Street. B) Wall Street é o antro do capitalismo mundial. C) Logo, Tribeca e seu festival existem para ajudar bancos que precisam de boa imagem pública.

A inferência depõe contra o festival, que perde o caráter artístico e se transforma em instrumento de relações públicas dos banqueiros cúpidos que quebraram o mundo em 2008.

Mas a inferência depõe mais ainda contra a jornalista, que convidou De Niro para dar uma entrevista sobre o filme que acaba de lançar e mudou de assunto.

Outro dia, Robert Downey Jr fez a mesma coisa com um apresentador de televisão que perguntou sobre sua história com as drogas. Tinha ido lá falar sobre cinema.

O jornalismo brasileiro vive à base de inferências negativas. Por exemplo: A) a CPMF é um imposto. B) O brasileiro paga muito imposto. C) Portanto, o Brasil não precisa da CPMF, carece de governo que administre bem o dinheiro arrecadado. Silogismo perfeito, mas falso.

A CPMF não é só um imposto, é um modo de controlar a movimentação do dinheiro. Cada vez que alguém passa um cheque, paga uma conta com cartão de crédito, compra dólar na corretora, o computador gera uma informação que vai parar no Banco Central.

Então, a CPMF serve para controlar o giro do dinheiro e identificar o caixa dois. É disso que os caras têm medo.

Deve-se inferir que os caras são corruptos? Não necessariamente. O Brasil ficou tão complicado que há muito comerciante e industrial ameaçado de quebrar porque pegou financiamento em dólar para expandir o negócio. Agora depende da nota calçada – aquele expediente de vender 100 pares de sapato e só registrar 40 na nota fiscal. Para continuar sonegando precisa pagar pedágio ao fiscal corrupto da receita estadual, que o chama de “cliente”.

E – agora a inferência é correta – este é o problema.

 

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