O julgamento

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Juizo Final, de Miquelangelo.

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Os fatos estão ai – ou ao menos uma parte dos fatos.

Sabemos os nomes de suspeitos por mais esta onda de malfeitos contra a República. Ninguém sabe se são todos culpados ou se são os únicos culpados – coisa em que ninguém acredita.

Trata-se agora de separar culpados de inocentes e descobrir o tamanho da culpa de cada um.

Não é o juízo final, mas talvez seja bom dar uma olhada no Padre Antonio Vieira, que em seu Sermão da Primeira Dominga do Advento revelou a porcentagem de bons e maus entre os hebreus. Como a humanidade não mudou substancialmente nesses milênios todos, é possível que a proporção seja a mesma.

“No reino das Doze Tribos, de três reis perdeu-se Saul, salvou-se Davi, de Salomão não se sabe. No reino de Judá, de vinte reis salvaram-se cinco, perderam-se treze, de dois é incerto. No reino de Israel foram os reis dezenove e todos os dezenove se condenaram.”

Estão aí as porcentagens.

Doze Tribos – 33% de condenações.

Reino de Judá – 65% condenados.

Reino de Israel – 100%.

Possível, não provável.

De Jerobão a Ozéias foram dezenove reis e dezenove condenados. Aqui, de Eduardo Cunha a Renan, de Gleisi a Anastasia, quantos serão os condenados?

O certo é que todos recebiam garantias constitucionais, a maioria gozava mordomias, favores, agradinhos.

Daqui a uns três anos, estima-se, poderemos seguir o conselho do nosso maior pregador e chamar um dos condenados a declarar como é isso de chegar lá em cima e cair em tentação. Como é que alguém decide ser leniente. Ou cobrar propina. Ou lavar dinheiro. Ou simplesmente embarcar em jatinho de empreiteiro para um fim de semana no Nordeste.

Como é isso, gente? Por que tantos se sentem autorizados a roubar o próximo e a República?

Respostas no Padre Vieira.

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