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O jovem (24 anos) pianista pernambucano Vitor Araujo, muito aclamado na carreira que começou aos 9 anos, aprecia homenagear outros artistas.
Suas composições são dedicadas a Amadeo Modigliani, aos autores das trilhas dos filmes do expressionismo alemão, a Pierre-Auguste Renoir e também a Charles Bukowski, Angeli, Rage Against the Machine, Pink Floyd, Robert Rodriguez, Quentin Tarantino, Egberto Gismonti, Hermeto Pascoal e Chico Science. Por último, mas não em último, vêm José Celso Martinez Corrêa e o Teatro Oficina.
Imagino que o concerto de ontem no Teatro Paiol deva ter sido dedicado a Dalton Trevisan, que defende o silêncio do artista. Nada de entrevistas, nem de tititi com a plateia. O que interessa não é sua conversa, é sua obra.
Daltonianamente, Vitor Araujo não disse uma palavra e fugiu do palco ao terminar o show. Chamado de volta com insistentes aplausos, tocou um bis e fugiu novamente. Ninguém tirou dele um autógrafo, um boa noite, um simples oi. Toda comunicação foi feita com projeções, incluindo a informação de que estava intimidado pela responsabilidade de tocar no Paiol.
E o aviso: “Fim”.
É um talentoso compositor, que mistura pop, rock pesado e música erudita. Abusa de experimentações. Chegou a misturar uma transmissão de rádio para acrescentar, no estilo de John Cage, uma informação pop à obra – uma novidade de 80 anos atrás. Mas tem técnica, estilo e sobretudo imaginação, que é a argamassa com que se fazem os grandes astros.
Valeu o ingresso.
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