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Wagner Reway é o nome do homem.
Se for escalado para outro jogo do Coxa, vou ao estádio apoiar a turma que quer seu escalpo.
Porque ele nos roubou. Apitou um penalti para o Flamengo que o Brasil inteiro garante que não existiu.
Vi na televisão (era o jogo das 22h, transmitido pela Globo) a bola bater no zagueiro, que tinha o braço escostado ao corpo. Os locutores, repórteres, comentaristas, todos confirmaram. Não foi pênalti.
Então, por que Reway apitou a falta máxima?
Porque era o jogo da Globo, imagino. Porque o Flamengo, segundo o Ibope, tem 46 milhões de torcedores.
E porque o Brasileirão não é feito para você e eu, torcedores que vão ao estádio. É feito para quem fica em casa ter o que assistir depois da novela. Corrijo: para ter o que vender ao patrocinador que precisa de um produto para aquele horário.
Esse Reway, que nasceu em Cascavel e mudou para Cuiabá, tem uma carreira vistosa.
Em 2010, estrelou um agitado 3 a 3 entre Cuiabá e Sinop, onde expulsou três jogadores, o técnico e o massagista. Está na Gazeta.
Em 2011, o Botafogo reclamou contra sua atuação em jogo com o Figueirense. Em Florianópolis.
No mesmo ano, foi acusado de inventar um pênalti contra o Atlético, em benefício do Fluminense.
Em 2013, no jogo Palmeiras e Sport, pela Serie B, marcou um corner espírita e não viu o atacante Nunes dominar a bola com a mão antes de fazer o gol, aos 48 minutos do segundo tempo.
Agora, marcou o pênalti inexistente que prejudicou o Coxa e classificou o Flamengo para a próxima etapa da Copa Brasil.
Sinto que Reway não é um juizinho qualquer – é um Raskolnikov do apito.
Raskolnikov matou o velho agiota de Crime e Castigo porque entendeu que este era uma passoa vil, daninha, de nenhuma utilidade para o mundo.
O juiz de futebol, ser superior vestido de preto, pode cometer malfeitos esportivos, desde que sejam para um bem maior, a saúde do big business futebolístico. A falta de resultados prejudica o negócio dos bilhões superfaturados em arenas de todo o mundo, das fortunas investidas em transmissões internacionais em HD (e logo em 3D), dos bilionários contratos de publicidade com a Nike, a Coca Cola e a Bud.
Uma vez, João Havelange disse ao jornalista Vinicius Torres Freire que discutir eternamente erros e ladroagens era parte da graça do futebol.
Reway pode ficar umas rodadas na geladeira. Mas voltará para garantir a graça do esporte.
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