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Era uma cidade iluminada. À noite as moças iam passear no centro. Famílias ocupavam praças e cafés, uma alegria só. Curitiba tinha um cinema em cada esquina – e todos sucumbiram ante a covarde concorrência dos cinemas de shopping center.
Quer começar por onde? Proponho iniciar a viagem aos anos 80 pelo ponto mais improvável, a perigosa rua Saldanha Marinho, de proxenetas e prostitutas e drogados e mendigos. Lá existia o Cinema I, responsável por bons lançamentos europeus.
Na quadra abaixo, a mal falada Cruz Machado, havia o Cine Condor. Na esquina da Ermelino de Leão, o Cine Lido, que ainda sobrevive como cinema pornô. Mais abaixo, na Candido de Leão, o Arlequim, projetado pelo arquiteto Fernando Carneiro.
Na Boca Maldita, então Cinelândia, estavam o Opera (também da família Carneiro) dos musicais da Metro, o Avenida, o Palácio, que depois virou Cine Astor, com entrada pela Voluntário da Pátria.
Na Praça Osório, por onde passeava o Osvaldinho, estava o Cine Plaza, hoje transformado em igreja evangélica.
Na Emiliano Pernetta o Rivoli e, virando a esquina da Westphalen, o São João. Na Zacarias, o Cine Luz, com sua bela arquitetura art decô.
Na Barão do Rio Branco, o imenso Cine Vitória, com mais de 2.000 lugares, hoje transformado em Centro de Convenções sem grande futuro por falta de estacionamento.
Havia também Gloria, o Scala na Mateus Leme, antigo Teatro Hauer. E o Cine Morguenau, na Souza Naves. E o Guarani, no Portão. E o Ribalta, no Bacacheri.
Não estou nem falando do Cine Santa Maria, de grandes filmes de arte, com direito a debate. Nem no cineminha da Biblioteca Pública do Paraná, que merece um enorme post separado.