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O Centro Cívico é uma área mista, com vocação comercial e administrativa. Segundo a norma da Associação Brasileira de Normas Técnicas, o máximo de barulho permitido é de 60 decibéis.
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O caminhão de som da CUT é do passado. Os amplificadores dos comícios ficaram na saudade. Aquele barulho dos boys do Barigui tornou-se suave murmúrio.
Os evangélicos ganharam a competição. Agora, são eles que falam mais alto.
Você se achava no direito de ter uma zona de conforto acústico, não é? Esqueça. Para derrotar Satanás, só é muito barulho.
Meio-dia de sábado, a marcha para Jesus chegou ao Centro Cívico, com um som de 120 decibéis.
“Adore! Adore!”, entoa o axé de Cristo, amplificado mais alto do que no carnaval da Bahia.
Um vizinho assustado comenta que é melhor mudar daqui, porque virão outros desfiles e os equipamentos de som serão cada vez mais poderosos.
A alternativa é a conversão.
Com sorte, arranja-se um horário numa rádio gospel e dá para desfilar aqui de cima.
Em vez de reclamar, pense nisso.
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