No museu do Barcelona, casal paulista ouve a gravação do canto da torcida.O estádio Camp Nou é o único lugar de Barcelona onde há mais brasileiros do que japoneses.
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A Catalunha deve se separar da Espanha?
Opinarão brasileiros em geral que não temos nada com isso, o problema é ibérico.
Estão enganados.
Se finalmente for convocado o plebiscito para decidir sobre a independência catalã, claro que o assunto vai repercutir intensamente no Brasil. O torcedor poderá ficar privado de uma de suas derradeiras alegrias, a de assistir pela TV a cabo aos duelos entre Barcelona e Real Madrid pelo campeonato espanhol.
Na fila para apanhar o avião em Guarulhos vejo o ministro Cesar Peluso passar. Como ele se aposentou em agosto no Supremo Tribunal Federal, tenho a esperança de conseguir dois minutos de conversa informal. Numa dessas, ele dá uma dica sobre a constitucionalidade da reivindicação catalã. Ou, pelo menos, como santista, ele opina sobre a situação do Barcelona – aquele time que encheu o Santos na decisão do título mundial.
Foi da final de Yokohama, da Copa Mundial de Clubes, em 2011, lembram? Mesmo escalando três zagueiros para brecar a equipe catalã, o Santos foi humilhado. Murici Ramalho aguentou todo tipo de crítica, porque respeitou demais o Barcelona. Perdeu por 4 a 0, sem ver a cor da bola.
A conversa não saiu. Havia um certo distanciamento entre nós e o ministro, imponente na magnífica poltrona que a Singapura oferece aos da classe executiva. Na econômica, o povo fica em seu lugar – um quadradinho onde não há espaço nem para esticar a perna, quanto mais para divagação esportiva.
A viagem foi triste, entre outros motivos porque a Dilma Rousseff acabou com a última oportunidade de esbanjar no exterior. Agora, mesmo no cartão de débito, que não concorre a prêmios nem acumula milhas, você paga um adicional de 6,38% do Imposto Sobre Operações Financeiras.
Se o deficit na conta do turismo continuar imenso, o governo descobrirá que nunca vai tapar esse buraco assustando o turista padrão CVC. Quem gasta mesmo, Mantega, são os executivos mais bem pagos do país, gente com diploma do ITA, da Unicamp e de grandes universidades de fora.
Eles viajam o tempo todo para Estados Unidos, Canadá, Europa e Asia, onde está o comando de suas empresas. A explicação para o vaivém é simples: com todos esses satélites espionando o mundo, só é secreto o que for transmitido na orelha do subordinado.
Quanto à independência da Catalunha, aliás Catalunya, todo brasileiro patriota deve ser a favor. Enfraquece a seleção da Espanha.