E se os editorialistas pudessem publicar suas próprias opiniões?

The Harvard Crimson funciona no prédio nº14 da rua Plympton, em Cambridge. Circulava diariamente desde 1873, mas em 2022 tornou-se híbrido – a edição impressa sai aos sábados. Foto de Julian J. Giordano.

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Toda universidade norte-americana tem um jornal. Harvard, a maior de todas, tem três, o Harvard Gazette, da universidade; o Harvard Crimson, dos alunos, e o Harvard Lampoon, de humor.
O Crimson disputaria espaço nas bancas com os melhores jornais brasileiros com a vantagem de ser absolutamente, escandalosamente, até acintosamente independente.
Eis uma prova.
Todos sabem da briga de Harvard com Donald Trump. Foi a única a recusar o cumprimento de exigências presidenciais, entre elas a entrega de dados pessoais dos alunos estrangeiros e a abolição das políticas de diversidade e inclusão.
O presidente retaliou mandando cortar dois bilhões de dólares em verbas federais.
Harvard entrou com uma ação judicial contra a decisão de Trump, Ao mesmo tempo, resolveu rebatizar o Departamento de Equidade, Diversidade, Inclusão e Pertencimento, que virou Departamento da Comunidade e Vida no Campus.
Houve um racha entre os editores de opinião.
O grupo moderado apoiou a resolução e escreveu em editorial: “Alguns imaginam que Harvard está fazendo o que outras instituições fizeram – ceder a Trump. Ao contrário, está se posicionando melhor perante a opinião pública para enfrentar a difícil batalha judicial”.
A minoria radical foi contra e publicou artigo mostrando porque a universidade não deve ceder em nada. “Trocar o nome do departamento não melhora a posição de Harvard junto à opinião pública. Além de obscurecer suas funções e mascarar seus valores, sugere que há algo a esconder – que equidade é alguma coisa vergonhosa. Ao renomear o departamento Harvard rende-se à narrativa de Trump”.
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Trazendo a polêmica para a grande imprensa brasileira: o que escreveriam redatores do Estadão, da Folha ou do Globo, se pudessem publicar suas opiniões sobre as opiniões dos proprietários?
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