Paulo Mendes da Rocha doa acervo para museu de Portugal
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A casa de Paulo Mendes da Rocha, no Butantã, é considerada um clássico da arquitetura brasileira. (Revista Casa e Jardim)
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“Sua obra é celebrada mundo afora. Para muitos arquitetos, flagrá-lo na esquina das ruas General Jardim com Bento Freitas, onde há décadas está seu escritório, é como ver um santo a atravessar a rua.” (Francesco Perrotta-Bosch, na Folha de São Paulo).
Paulo Mendes da Rocha, o mais importante arquiteto brasileiro vivo, acaba de doar seus arquivos à Casa da Arquitectura de Portugal. Aos amigos explica que não há no Brasil instituição cultural capaz de utilizar adequadamente o acervo. Podia ser mais claro: no Brasil não há política cultural, o governo de ultradireita odeia a cultura. Em Portugal, o acervo vai ser inteiramente digitalizado e colocado a disposição de estudantes e pesquisadores de todo o mundo.
Amigos do arquiteto divulgaram manifesto classificando a decisão de “ato civilizatório”.
O manifesto lembra que “Paulo Mendes da Rocha viveu a cassação em 1969, junto a Vilanova Artigas, Maitrejean e tantos outros. Viu interrompida sua presença na FAU-USP e soube a ela retornar e ressignificar sua atuação docente e a própria escola nos anos de reconstrução democrática.”
Filho de Paulo Menezes Mendes da Rocha, engenheiro encarregado de planejar o combate à seca no Nordeste, PMR contribuiu para a construção da ideologia desenvolvimentista da “escola paulista”, apoiada no projeto político do Partido Comunista Brasileiro – PCB, que enxerga nas grandes obras de infraestrutura (barragens, canais, estradas, portos) o vital avanço das forças produtivas da nação.
Discípulo de Vilanova Artigas e influenciado pela “visão telúrica” de Le Corbusier, liderou o grupo que defendia o uso de novos materiais, principalmente o emprego “brutalista” do concreto armado e a ênfase nas construções estruturais de grande porte.
O crítico italiano Francesco Dal Co caracteriza a produção de Mendes da Rocha pela combinação ímpar dos seguintes atributos: a “segura racionalidade”, a “essencialidade das soluções construtivas”, a “intransigência no emprego dos materiais” e o “desprezo pelo supérfluo”.
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“É impossível ensinar arquitetura, mas você pode educar um arquiteto” (Paulo Mendes da Rocha)
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