Tomara que em dezembro haja verão
Parati, janeiro de 2012. Calor e preguiça.
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A brisa da manhã na praça. O sol, a flor do estio. Para a alegria completa basta a cerveja do isopor ter-se mantido estupidamente gelada.
Daqui do isolamento, invejo pessoas que cultivam a arte de se espreguiçar. Elas ocupam praças, praias e parques de países como a Alemanha, Portugal, Nova Zelândia e Paraguai. Aproveitam até o último gomo seu direito de ir e vir – e não ferem o direito à saúde porque lá o governo reconheceu a pandemia fez o que devia fazer.
Não advogo mas lutarei até a morte para garantir-lhes a livre locomoção – principalmente para invadir o paraíso dos bacanas. A praia é do povo como o céu é das gaivotas e das fragatas. Castro Alves em Pontal do Sul, já pensou? O vate cantaria o prazer de sentar na divisa da areia com o mar, naquele exato ponto onde chegam a onda e seu orvalho.
Abaixo a elegância. Bonito é sem maquiagem, é não combinar a parte de cima com a parte de baixo, nem ostentar abdome sarado. Aquela gordurinha, então, é felicidade em estado puríssimo. Tudo madona de Rubens, meu nobre, lacrando na festa pós-covid. Só acha suas coxas anacrônicas quem não entende de mulher.
Belas sobreviventes da peste, anunciam um novo mundo. Os vírus estão pacificados; os vermes finalmente voltaram para onde vieram.
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