A beleza do silêncio
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O maior filme pequeno, ou um pequeno grande filme?
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No início do cinema falado, em 1926, uma produtora americana, a Warner, ficou feliz porque a novidade a salvou da falência; mas grandes atores e diretores não gostaram ou encararam com ceticismo a nova tecnologia.
Charles Chaplin foi um deles. “Os talkies? Podem escrever que eu os detestei. Eles vão acabar com a arte mais antiga do mundo, a pantomima. Eles aniquilam a grande beleza do silêncio.”
A informação está em “A Linguagem Cinematográfica”, de Marcel Martin, (Ed. Brasiliense, 2011. pag. 127). O autor valoriza o silêncio “como símbolo de morte, ausência, perigo, angústia ou solidão”.
Essas qualidades do silêncio estão mais do que demonstradas do assustador thriller espacial Gravidade, (1h31min), de Alfonso Cuarón. O crítico David Denby, da Newyorker, observa que a trilha sonora de Steven Price tem, em determinados momentos, um volume agressivo para os ouvidos que é seguido por súbito e intolerável silêncio.
“Não é um filme de idéias, como “2001”, a obra prima tecnomística de Kubrick. Antes é uma extraordinária experiência física – um desafio aos sentidos que envolve todo tipo de horror. Há grande prazer nele, também. O filme é uma história de aventura onde cada movimento desajeitado dos corpos e das massas em órbita alarma e surpreende”.
Chrystopher Orr, da Atlantic, elogia “a espetacular simplicidade de “Gravidade” e pergunta: “É o menor grande filme dos últimos tempos? Ou o maior filminho?”
Quem for ao cinema verá que a história interpretada por Sandra Bullock e George Clooney tem tudo que o crítico Martin mencionou – morte, medo, perigo, angústia e solidão.
E é linda.
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