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A noite em que a Orquestra Sinfônica do Paraná não apareceu para tocar no Guaira

trompas Outra orquestra teve de ser montada às pressas, no improviso..

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Uma versão da história coloca a culpa no cachê anêmico oferecido à OSP pela produção do Curitiba Jazz Meeting. Outra garante que as partituras chegaram com atraso e o maestro, como todo europeu, é rigoroso com essas coisas.

O fato é que a Orquestra Sinfônica do Paraná não apareceu domingo à noite para tocar no grande auditório do Teatro Guaira.

Era o combinado. Muita gente leu no jornal que a OSP executaria, sob a regência do maestro Osvaldo Ferreira, hits do saxofonista norte-americano Bob Belden como Black Dahlia Suite. Outros obtiveram a mesma informação pelo programa do Jazz Meeting, impresso em elegante papel couchê 90 gramas.

Falta de dinheiro não é. No Jazz Meeting não tem pobreza. Já no sexto ano, o evento é patrocinado pela Copel, Volvo, Schweppes.

Mesmo com a chegada tardia das partituras, os 77 músicos da sinfônica – alguns muito admirados pelo público das manhãs de domingo – não iam passar vergonha no palco de tantos concertos. Não é a primeira vez que ensaiariam um programa às pressas. São solistas, professores, profissionais de alto nível. E a orquestra prosseguiria sua história admirável de talento e dedicação à música, como está escrito no material fornecido para divulgação.

Não aparecer foi uma decisão errada. Erradíssima, como sabe qualquer primeiroanista de Direito. Seria outra se os responsáveis dessem uma lida no Código de Defesa do Consumidor. E lembrassem que cada espectador (tirando a turma da boca livre, claro) pagou um ingresso de 172 reais. O ingresso é um contrato. Dá o direito de exigir o que está impresso no bilhete: Bob Belden e Orquestra Sinfônica do Paraná. Ou de receber o dinheiro de volta, danos morais, o escambau.

O que deve fazer a produção numa hora dessas? Colocar um aviso na bilheteria: “A OSP não veio.” Em letra bem grande.

Felizmente não aconteceu o pior. O curitibano é um ser pacífico. Não dá vexame. Odeia virar notícia de programa policial. Em vez de protestar, aguardou para ver o que ia acontecer.

E aconteceu um milagre: sem a OSP, o espetáculo – carregado nas costas por Bob Belden, Ron di Lauro, Rogédio Leitum, Edvaldo Chiquini e outros músicos de Curitiba – foi um sucesso. Muito suingue, talento, jazz na veia, bravíssimos músicos que só tiveram dois dias para ensaiar e deram show.

A platéia em pé ovacionou o grupo, exigiu bis, gritou, assobiou, bateu palmas como não se via há muito tempo.

Uma noite gloriosa para o Guairão.
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belden Belden é um craque.
Posted on 7th outubro 2013 in Sem categoria  •  No comments yet

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