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A festa dos Brics acabou. Agora, onde o dinheiro para a Copa do Mundo e a Olimpiada?

elefante O elefante branco de Manaus

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Anders Aslund, do Peterson Institute for International Economics, constata, no Financial Times de quarta-feira, que os investidores viraram as costas para os mercados emergentes depois de uma década de extravagâncias. Em consequência, no Brasil, Russia, India e China as taxas de crescimento despencaram e o balanço das contas internacionais deteriorou. E comenta: “A surpresa não é o romance ter terminado mas como ele pode durar tanto tempo.” Segue adiante:

“De 2000 a 2008 o mundo atravessou um dos maiores crescimentos dos mercados de commodities e de crédito. O Genesis adverte que depois de sete anos de abundância virão sete anos de fome. Talvez os ciclos de ouro das comodities e do crédito, dos quais os Bric se beneficiaram mais do que mereciam, foram coisa de Deus.

O boom foi prolongado por mais meia década pela abundância de dinheiro as economias desenvolvidas, que inundaram o mundo com financiamento barato. Durante os anos de fartura, os Brics não tiveram que fazer escolhas difíceis. Agora, sue elites não parecem inclinadas a mudar de vida.

Agora não há mais booms. Brasil e Russia foram afetados pela queda do preço das commodities, que devem continuar a declinar por vários anos. Esses dois países podem também ser apanhados na armadilha da renda média. Pesquisa recente descobriu que os países tendem a sofrer uma forte desaceleração quando o produto interno bruto per capita alcança US 15.000.

Embora os Brics tenham acumulado grandes reservas em moeda estrangeira, eles não aproveitaram o momento para desenvolver a base de suas economias. Os bancos da China estão superalavancados e a India sofre da maioria das doenças econômicas. Sua inflação é muito alta; seu déficit orçamentário, débito público e déficit de conta corrente são grandes demais. A governança é medíocre, refletindo a corrupção substancial e o pobre ambiente de negócios.

O Banco Mundial tem um ranking dos piores países do mundo para fazer negócios. A China está em 91º, Russia em 112º, Brasil em 130º e India em 132º. A Russia fez um programa econômico destinado a subir 100 degraus nessa escada, mas conseguiu resultados muito pobres. A China, por sua vez, faz pressão junto ao Banco Mundial para abolir esse índice.
É possível ver os destroços do boom na construção dos elefantes brancos. Basta olhar os Jogos Olímpicos. Em 2008 Beijing ultrapassou todos os recordes de despesa com $40 bilhões. A Russia está gastando $51 bilhões nos Jogos Olímpicos de Inverno de 2014, que deviam ser comparados com os $6 bilhões gastos em Vancouvfer em 2010. No Brasil, os recentes protestos foram, em parte, devidos aos altos custos da Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas de 2016.

Quando se fala em investimentos vitais em infraestrutura, entretanto, Brasil, India e Russia aplicaram muito pouco, levando a múltiplos gargalos da economia. A Russia não expandiu sua rede de rodovias desde 1994. Só em 2018 uma auto-estrada finalmente ligará Moscou a São Petesburgo – e apenas porque então será a vez da Russia hospedar a Copa do Mundo.”

A solução, para Anders Aslund, é a conhecida receita neoliberal – mudar o modelo econômico dos emergentes, reduzir o papel do Estado e estimular a participação da iniciativa privada. O grito das ruas, entretanto, aponta outro caminho: acabar com a corrupção, reduzir a burocracia e criar mecanismos de transparência sem os quais nenhum modelo funciona.

Posted on 23rd agosto 2013 in Sem categoria  •  No comments yet

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