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A polícia está cada vez mais moderna

policia cientifica Não se admitem mais métodos antiquados de investigação. Este moderno gerador é leve, fornece uma corrente de até 1A, tem manivela plástica de 75mm; sistema de fixação através de rosca M6 para haste metálica. É pequeno, só 155x45x45mm.

 

(Cena 1 – Gabinete do delegado. Retrato do governador na parede. Flâmula da Polícia Científica sobre a mesa. Jornalista com bloco de notas chega apressado.)

 

-Descobriu o assassino?

-Estou trabalhando.

-E não conseguiu nada?

-Já disse que estou trabalhando, porra!

-Conseguiu o quê?

-Quatro já confessaram. Tô falando pra você como amigo.

-E agora?

-Agora falta descobrir quem está dizendo a verdade.

Este foi o diálogo verdadeiro, franco e leal entre um jornalista dos anos 60 e sua fonte, um delegado de polícia muito respeitado. Era um profissional competente. Desprezava métodos antiquados de trabalho. Enquanto outros recorriam ao pau-de-arara, ao telefone, ao afogamento, ele comprou com o próprio dinheiro um gerador portátil de eletricidade. Grudava um polo no escroto do suspeito e o outro na orelha. E começava a girar a manivela lentamente, só para provocar uma coceirinha nas partes.

 

 

(Porão da delegacia. Instrumentos de interrogatório – palmatória, pau-de-arara etc – espalhados pelo ambiente. Delegado e suspeito conversam.)

 

-Meu filho, você conhecia a vítima?

-Não, doutor.

Ele acelerava a manivela.

-Ai! Pare, DOUTOR!

-Desculpe. Meu braço gira de nervoso cada vez que ouço uma mentira. Olha, vou perguntar de novo. Você conhecia a vítima, meu filho?

-Conhecia, doutor.

O interrogatório seguia assim até que o doutor ouvir a confissão do crime. Como a polícia técnica não tinha recursos, uma porção de gente foi para a penitenciária pagar crimes que não cometeu. Quem escapou, tinha dinheiro para remunerar a retórica estridente do doutor Mario Jorge, o melhor causídico da época, junto com o doutor Salvador De Maio.

Depois de anos sem notícia de desses, ahn…, interrogatórios informais, vemos hoje a notícia dos quatro funcionários de um parquinho de diversões de Colombo que confessaram o estupro e assassinato de uma menor. Foram salvos por um exame de DNA. O laboratório provou que o esperma na roupa da vítima não era de nenhum deles. A polícia reconhece que houve erro.

Será que algum doutor herdou o gerador portátil do colega dos anos 60?

Posted on 9th julho 2013 in Sem categoria  •  No comments yet

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