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Proposta 2: partidos políticos capazes de atrair os jovens; ou tchau democracia representativa

mani

 

 

Eeeeeh, o campeão voltou! Com brilho. A Copa das Confederações é nossa. Sua benção, Nelson Rodrigues, voltamos a ser a pátria de chuteiras. Ante tanta alegria, os protestos e ocupações parecem fazer menos sentido. Ouçam o discurso dos cartolas: vamos usar a energia do Maracanã para ganhar a Copa do Mundo daqui a um ano. E, se sobrar dinheiro, para ajudar a melhorar a saúde, a educação, a segurança.

As manifestações ficaram parecidas com o movimento Occupy Wall Street. Provaram que é possível, sem lideranças, só com hubs, mobilizar milhares de pessoas em centenas de cidades. Mas uma boa avaliação mostra que, além da redução das passagens de ônibus, não aconteceu muita coisa. Todo o movimento, aquela agitação, era parte de uma grande catarse.

Esta ideia está exposta no livro “The End of Power”, O Fim do Poder , de Moses Naim, um liberal da turma do Fernando Henrique Cardoso. Uma boa resenha está em  http://online.wsj.com/article/SB10001424127887324735304578356461358982422.html. Ele descreve a realidade de um mundo com fronteiras cada vez mais tênues e instituições cada vez mais fracas. E defende a modernização e o fortalecimento dos governos para resolver os problemas das sociedades.

Que os governos estão enfraquecidos ninguém duvida. Nos Estados Unidos, apesar dos bilhões gastos em segurança das fronteiras, 500.000 pessoas imigram clandestinamente todo ano. A polícia de fronteira é um fracasso reconhecido pelo Congresso, que acaba de aprovar nova lei para legalizar os imigrantes ilegais. O Brasil tem ainda menos controle sobre a imigração. Fabriquetas de roupas instaladas em porões do Bom Retiro e do Braz estão lotadas de bolivianos clandestinos, que trabalham em condições sub-humanas.

Organizações criminosas internacionais movimentam anualmente uma quantidade de drogas e de armas dez vezes maior do que há uma década. O dinheiro do tráfico e do contrabando é lavado com a cumplicidade do sistema financeiro, esse polvo de cem cabeças.

Para tornar mais fácil sua atividade, essas organizações subornam deputados, juízes e ministros. Como as leis são difíceis de aplicar, e a justiça é lenta, raramente alguém é punido.

Naim defende que a situação só mudará se os governos recuperarem a capacidade de governar. Tornarem-se eficientes. Hoje, estima-se que um terço do dinheiro destinado à educação e à saúde pública fica perdido no labirinto da máquina pública. Culpa da soberba de burocratas empedernidos e da corrupção. Como primeira providencia propõe a maior participação dos jovens na política. Numa de suas palestras, revelou o que acontece quando um grupo de universitários é convidado a ingressar num partido político americano – no Democrático ou no Republicano, tanto faz. A sala se esvazia. É diferente quando propõe a adesão a uma ONG que atua na Malásia para defender a vida selvagem. Forma-se fila para participar.

Por que falta interesse pelos partidos políticos? O professor Augusto de Franco (http://escoladerede.net) explica: eles ficaram muito parecidos com o governo. São estruturas verticalizadas, herméticas, sem democracia interna, que espelham a organização governamental. Contrastam com a liberdade aparentemente anárquica das ocupações.

Agora, os partidos “ouviram a voz das ruas”. Prometem se tornar atraentes, abertos e inspiradores de ideias.  Se conseguirem, voltarão a cumprir sua missão de mediar as relações entre governo e sociedade. Se não conseguirem, tchau democracia representativa.

 

 

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Posted on 1st julho 2013 in Sem categoria  •  No comments yet

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