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E agora, E-Paraná?

eparana Uma TV sem audiência e sem missão

 

A saida do Paulo Vítola da Radio e TV Educativa, a E-Paraná, não foi novidade para seus amigos.  Surpresa seria ele ficar lá como uma espécie de disc jockey do governador, atendendo a pedidos da base política.

Bom que o Paulo saiu a tempo. Antes de manchar a biografia. De trair a própria inteligência.

Dolores Ibarruri, La Passionária, em 1936, naquele famoso discurso de Valência, durante a Guerra Civil, disse que é “mejor morir a pie que vivir em rodillas”. Foi um ensinamento específico para um momento histórico da humanidade. Mas gerou um produto genérico que é útil no tratamento de situações como a atual, cujo conteúdo revolucionário não está tão escancarado.

Creio que todos concordamos num ponto: a Educativa, mantido o atual arranjo institucional, está condenada ao permanente fracasso. Vai refletir sempre – e ainda mais em períodos eleitorais – os interesses pequenos dos políticos.

Ficará cada vez mais desinteressante e desacreditada.

Com o advento da Internet e das redes sociais, uma TV estatal tornou-se uma coisa meio stalinista, um anacronismo sem sentido. Se alguém duvida disso, deve dar uma olhada nos números do Ibope e do Google Analitics. Descobrirá que a E-Paraná perde feio em audiência para o Facebook e o Twitter. Uma pesquisa bem feita (isto é, não encomendada) mostrará que ela não forma opinião pública. Um marqueteiro competente sabe que ela não gera buzz. Um jornalista depressa reconhece que, fulanizada, sem apego ao fato, ela não faz jornalismo.

Que destino dar a esse apêndice da Secretaria de Comunicação do Governo do Paraná? A solução obvia é fazer com que a TV deixe de ser estatal e se torne pública. Deixe de divulgar releases e passe a transmitir atividades culturais ou educativas. Essa era a idéia de Aluizio Finzeto, quando criou a Radio Estadual do Paraná.

Se o governo acreditar nela deixa de jogar dinheiro fora e vai fazer História.

O passo seguinte é convocar um grupo de trabalho de professores, intelectuais e juristas para redigir o projeto de lei criando a Fundação E-Paraná.  Modelos não faltam: a British Broadcasting Corporation, a PBS norte-americana, a CBC canadense. As TVs públicas existem no mundo inteiro e em toda parte são pilares da sociedade livre.

O que pode acontecer em seguida:

A Assembléia Legislativa discutirá e, se Deus quiser, aprovará sem penduricalhos a criação de um sistema de comunicação de propriedade dos paranaenses e sob o controle deles.

O sistema de comunicação, formado por emissoras de rádio e TV e por serviços de Internet, usará as rádio frequências de propriedade do Estado para fornecer serviços públicos essenciais à manutenção e valorização da identidade estadual e das manifestações culturais aqui geradas.

Deve também encorajar o desenvolvimento de novas formas de expressão paranaense, através de programas que reflitam atitudes, opiniões, idéias, valores, manifestações artísticas que identifiquem e integrem os três Paranás – o tradicional, o do Oeste e o do Norte.

Outro compromisso será transmitir programas jornalísticos identificados com os princípios da liberdade de imprensa, com autonomia e independência.

A Fundação E-Paraná terá orçamento próprio, votado anualmente pelo Conselho Administrativo, do qual participarão minoritariamente representantes do Governo estadual, ao lado da Universidade, das empresas privadas, das organizações da sociedade civil.

Ninguém vive sem dinheiro. A Fundação terá recursos dos governos estadual, federal e municipal, e também de empresas privadas e em suas entidades de representação. Poderá, também, criar outras fontes de dinheiro através doações e da execução de projetos paranaenses ligados à história, à geografia, às artes e às outras ciências.

Não é simples mas é factível. Basta coragem. A tecnologia matou formas antigas de governar. A TV pública que pode nascer desse projeto vai estar comprometida com a transparência na tomada de decisões e, principalmente, das fontes de financiamento de seus programas.

A Fundação E-Paraná é uma força da liberdade, da livre expressão, que estava por ai, no ar, aguardando seu momento.

 

 

 

 

Posted on 7th abril 2013 in Sem categoria  •  No comments yet

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