logo
Governo e política, crime e segurança, arte, escola, dinheiro e principalmente gente da cidade sem portas
post

Soneto 18 – De qual tradução você gosta mais?

O Soneto 18 é considerado o mais famoso entre todos os sonetos de Shakespeare. Talvez seja o mais famoso poema lírico da língua inglesa. Entre tudo que o Bardo escreveu provavelmente esses versos só perdem em popularidade para o “to be or not to be, that is the question”.

Entre os brasileiros que se arriscaram na tradução do Soneto 18 inclui-se Geraldo Carneiro, que publicou no ano passado “O Discurso do Amor Rasgado”, (Editora Nova Fronteira) com poemas, cenas e fragmentos da obra de Shakespeare. Ai vai, também, para comparação, a tradução de Jorge Wanderley (Editora Civilização Brasileira, 1990).

gcarneiro Geraldo Carneiro

jwanderley
Jorge Wanderley

 

Shall I compare thee to a summer’s day?
Thou art more lovely and more temperate:
Rough winds do shake the darling buds of May,
And summer’s lease hath all too short a date:
Sometime too hot the eye of heaven shines,
And often is his gold complexion dimm’d;
And every fair from fair sometime declines,
By chance or nature’s changing course untrimm’d;
But thy eternal summer shall not fade
Nor lose possession of that fair thou owest;
Nor shall Death brag thou wander’st in his shade,
When in eternal lines to time thou growest:
So long as men can breathe or eyes can see,
So long lives this, and this gives life to thee.

 

(tradução de Geraldo Carneiro)

 

Te comparar com um dia de verão?

Tu és mais temperada e adorável.

Vento balança em maio a flor-botão

E o império do verão não e durável.

O sol às vezes brilha com rigor,

Ou sua tez dourada é mais escura;

Toda beleza enfim perde o esplendor,

Por acaso ou descaso da Natura;

Mas teu verão nunca se apagará,

Perdendo a posse da beleza tua,

Nem a morte rirá por te ofuscar,

Se em versos imortais te perpetuas.

Enquanto alguém respire e veja e viva,

Viva este poema, e nele sobrevivas.

 

Geraldo Carneiro nasceu em Belo Horizonte, em 11 de junho de 1952. É poeta, letrista e roteirista. Mora no Rio de Janeiro desde 1955, quando seu pai Geraldo Andrade Carneiro para lá se transferiu, por ser secretário do presidente Juscelino Kubitschek.

Geraldo Carneiro ficou conhecido como compositor desde o final dos anos 60, por suas parcerias com Eduardo Souto Neto, dentre as quais a canção Choro de Nada, gravada por Vinicius de Moraes e Toquinho, em 1975, e por Antonio Carlos Jobim e Miúcha, em 1978.

 

(tradução de Jorge Wanderley)

 

Comparar-te com um dia de verão?

Tens mais doçura e mais amenidade:

Flores de maio, ao vento rude vão

Como o estio se vai, com brevidade:

O sol às vezes em calor se exalta

Ou tem a essência de ouro sem firmeza

E o que é formoso, à formosura falta,

Por sorte ou por mudar-se a natureza.

Mas teu verõ eterno brilha a ver-te

Guardando o belo que em ti permanece.

Nem a morte rirá de ensombrecer-te,

Quando em verso imortal, no tempo cresces.

Enquanto o homem respire, o olhar aqueça,

Viva o meu verso e vida te ofereça.

 

O pernambucano Jorge Wanderley (1938-1999) nasceu no Recife, onde se formou em medicina, que exerceu durante largo período, e também em letras. Em 1976, atraído pelo assunto que o encantava, transferiu-se para o Rio de Janeiro e concluiu o mestrado e o doutorado em letras. Lecionou literatura na UERJ até sua morte.

Quem quiser saber mais pode dar uma olhada no site de análises da obra do Bardo

Posted on 19th março 2013 in Sem categoria  •  No comments yet

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *