Pequenos escorregões
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Eric Adams: Os prefeitos devem ir sempre ao mesmo restaurante?
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Está na primeira página do New York Times: “Eric Adams à noite: Mesa Privada e Amigos da Pesada”.
A notícia é sobre as idas constantes de Adams a um restaurante da Rua 52 West chamado Osteria La Baia, que pertence aos gêmeos Robert and Zhan Petrosyants — cujos negócios o prefeito tem apoiado com entusiasmo. Parece que longa folha corrida dos irmãos vai da lavagem de dinheiro a crimes contra a pessoa.
O repórter abelhudo do NYT diz que não viu o prefeito pagar a conta, que não deve ser muito pequena. No cardápio, a entrada mais barata custa 30 dólares, o dobro do que ele pagaria em outro bom restaurante 100 metros adiante, também especializado em comida italiana.
O código de ética da cidade exige que funcionários públicos rejeitem presentes de valor superior a 50 dólares, por mais que a comida seja boa. Em Curitiba, a prefeitura não tem um código estabelecendo valores, mas todos sabem que não dá para aceitar agradinhos caros.
Mais de uma vez fui almoçar com o prefeito Jaime Lerner no restaurante Pekin, chinês que ficava no início da avenida João Gualberto e tinha uma mesa redonda no andar de cima. Jaime chamava alguns secretários e assessores para continuar a conversa da manhã. Comia trabalhando.
Nunca vi ele pagar a conta – aliás nunca vi político pagar conta, dizem que dá azar. Mas entendi que a Prefeitura acertava com o proprietário mensalmente. E o Jaime, que entendia de comida, nunca elogiou a qualidade da comida chinesa.
Mas falou bem da feijoada do Pasquale, o restaurante que funcionava dentro do Passeio Público. Lá quem pagava eram os amigos.
Também nunca vi Ney Braga pagar restaurante. Era um político que não gostava de comer – gostava de conversa e quando se decepcionava pedia um chá de camomila.
Sinto falta da sabedoria dos políticos antigos. Dizem que foi Ulisses Guimarães o primeiro a dizer: “Preste atenção, meu filho, não existe almoço de graça.” No exterior, Milton Friedman usou a frase como título de um de seus livros. “There is no such thing as a free lunch”
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