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Good Girls contra o patriarcado

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ghhhkh Era para cometer um crime – e só. Mas agora elas são multi criminosas. Foto IMDB

 

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Três mães de classe média estão em situação financeira desesperada. Para proteger seus filhos e suas casas decidem assaltar um supermercado.

Combinam que será um assalto e só. As circunstâncias, contudo, jogam as três no mundo do crime.

Esse é o resumo do resumo da série Good Girls, exibida pela NBC a partir de 2018, e agora apresentada pelo Netflix. É boa, recebeu 87% de aprovação do público e cinco estrelas no Rotten Tomatoes.

O que se discute é uma variação do estado de necessidade.  Um exemplo clássico: um réu é preso por dirigir com a licença suspensa, em excesso de velocidade, para levar ao hospital a esposa em trabalho de parto.

O que caracteriza o estado de necessidade é o perigo iminente, a ausência de alternativas para o ato, o fato de o réu não ter contribuído para a situação, e a constatação de que o dano causado foi menor do que o dano evitado (no caso, a perda da vida da criança, da mãe ou das duas).

A criadora da série, Jeena Bans (Desperate House Wives, Grey’s Anatomy), mais ou menos explica a ideia no primeiro capítulo: “Uma garota atualmente pode ser qualquer coisa: CEO, medalhista olímpica, até juíza da Suprema Corte. Finalmente furamos o teto de vidro e uau! – é muito melhor olhar as coisas aqui de cima”.

Como é basicamente comédia, embora haja momentos dramáticos, a história depende muito da qualidade do cast. As mães são Ruby (Retta), que luta para pagar as despesas do transplante renal da filho, 87 mil dólares fora os medicamentos para evitar a rejeição do novo rim; Annie (Mae Whitman), que disputa na justiça com o ex-marido a custódia da filha; e Beth (Christina Hendricks), mãe de quatro filhos, na iminência de perder a casa porque o marido gastou as economias do casal numa aventura extraconjugal.

A série é feminista com F maiúsculo. “Nós vamos destruir esse patriarcado”, proclama a filha de Rudy, Sara (Lidya Jewett) durante uma apresentação na escola. Alguns críticos acham que a autora acertou na tese mas errou a mão na montagem dos personagens. Esqueceu de explorar o perfil psicológico das mulheres de classe média e exagerou no heroísmo. Elas navegam com tranquilidade e astúcia mares tormentosos povoados por guerreiros machos e egoístas.

Não é bem assim. Ou será que é bem assim?

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P.S. – O art. 24 do Código Penal considera em estado de necessidade quem pratica o fato criminoso para salvar de perigo atual (que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar) direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir

 

 

Posted on 15th novembro 2021 in Sem categoria  •  No comments yet

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