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As luzes nunca se apagam. O Palácio Iguaçu não consegue descansar após o expediente. O pior é que isso acontece há 64 anos.
Aos fatos:
Quando o arquiteto curitibano radicado no Rio de Janeiro David Azambuja (1910-1981) começou a projetar o Palácio Iguaçu, em 1951, os jornais Gazeta do Povo e O Dia, controlados pelo grupo do ex-governador Moisés Lupion, iniciaram a primeira briga – a indicação de Azambuja estava errada, devia ter havido um concurso internacional para escolher o responsável pelas obras.
Foi intenso o tiroteio entre situação (Aristides Mehri e Fernando Camargo, amigos de Bento, haviam criado O Estado do Paraná para defender o governo) e oposição. Sobraram acusações de modernismo exibicionista, erros técnicos, atraso nas obras e até desvio de recursos.
O Palácio foi inaugurado pelo presidente Café Filho, em 1954. Quem se interessar pode fazer uma antologia de editoriais e piadas sobre a aventura da comemoração do centenário de emancipação política do Paraná.
Tudo foi esquecido quando os paranaenses descobriram que eram protagonistas de uma revolução estética nacional, pioneiros de uma arquitetura que determinaria o desenho da nova capital Brasilia.
“Este Paraná vive entre o sonho e a invenção”, definiu Bento. O Palácio Iguaçu é a melhor síntese desse belo momento.
Nos anos 1950, o Paraná era rico. Produzia metade da gigantesca safra de café que anualmente o Brasil exportava para o mundo. E o Brasil era responsável por metade do consumo mundial. Nadávamos em ouro verde.
Os tempos mudaram, o dinheiro encurtou, mas há pouco tempo o Palácio Iguaçu foi totalmente reformado pelo governador Beto Richa. Não houve concorrência, o que gerou uma nova onda de acusações de pouco respeito pela Lei das Licitações e escasso amor ao dinheiro público.
Agora, candidata à reeleição, a governadora Cida Borguetti trabalha de dia e de noite para enfrentar duas ações que tramitam em conjunto, de forma sigilosa. Uma das ações já chegou a ser julgada improcedente pelo TRE, mas a acusação recorreu ao TSE, que ordenou o retorno da ação à instância inferior para nova averiguação.
A defesa da governadora informou a Agência Estado que “nenhuma ação imputa responsabilidade ou conduta irregular da governadora” e que agora, só aguardam uma decisão definitiva do TSE.