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Saul no Bar Colarinho, esquina de Brasílio Itiberá com Angelo Sampaio. Ao fundo o baterista Eduardo. Não aparecem Boldrini, baixo, e Fabio Hess, guitarra.
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Há verdades que ninguém discute. São massacrantes. Metem medo.
Por exemplo, não há arte sem mecenas. Seja o príncipe, seja o estado, alguém tem que dar uma força ao artista. Outra verdade diáfana é que o mecenato depende do estado geral da economia. Nesses tempos de Temer, primeiro paga-se o advogado, depois o fornecedor de alimento, o de remédios, de armas, os policiais, os vendedores de armamento.
No fim estão os artistas, “produtores de bens culturais”. Esquecidos. Ferrados.
Saul Trumpet era um deles, não o mais importante, porque não frequentava o eixo Rio-São Paulo, mas o mais heróico.
Durante anos (1984 a 1997) sustentou o bebop e as jam sessions no Trumpet Bar, que funcionava na Cruz Machado de segunda a domingo. Era um lugar onde todo mundo podia dar uma canja e pendurar a conta. O pau cantava até de manhã porque a vizinhança – Boate Metrô e outros inferninhos – gostava de festa.
Saul morreu. Calculo que tinha uns 150 anos de jazz, porque na batalha da noite cada hora conta em dobro.
Merece um busto na praça de Bandeirantes, onde nasceu, ou de Umuarama, onde aprendeu a tocar seu instrumento. Em Curitiba não há local mais adequado que a velha Cruz Machado, cenário de sua glória.