“A República não precisa de sábios”, disse o juiz que mandou Lavoisier para a guilhotina há 223 anos

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A guilhotina também serviu para executar, mais tarde, Robespierre e Danton

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Não custa lembrar que hoje, 8 de maio, é o 223º aniversário da execução de Lavoisier, sábio francês considerado o inventor da química. Escreveu a obra fundamental Tratado de Química Elementar, publicada em 1789.

Lavoisier morreu na guilhotina, condenado por um peculato que ninguém conseguiu provar. Foi mais uma vítima do Terror que se instalou na França entre 1793 e 1794, no tempo de Robespierre, Danton e Marat.

Como cobrador oficial de impostos de Luiz XVI,
função pouco popular, Lavoisier acabou acusado de peculato. Não existiam provas. Um antigo funcionário da Receita, Mollien, testemunhou a inocência de Lavoisier, que não deixou “uma única objeção sem resposta, um único cálculo sem refutação, uma única justificativa sem prova.”

Se não havia prova, o que havia? Havia um inimigo, Jean Paul Marat, que era médico e cientista, antes de se tornar o principal panfletário da Revolução Francesa.

Em 1780, antes do Terror, Marat submetera à Academia Real das Ciências um trabalho pretensioso e equivocado, intitulado “Pesquisas Físicas sobre o Fogo”. Nele defendia que o fogo era a manifestação de um fluido especial, o fluido ígneo, cujas sombras produziriam as formas trêmulas das chamas. “Uma vela – garantia ele – confinada num espaço limitado, apaga-se porque o ar, dilatado pela chama, comprime-a e a abafa.”

Lavoisier foi o relator da comissão que desqualificou o trabalho.

Marat tornou-se o principal acusador, com artigos raivosos em seu jornal L’Ami du Peuple. Um trecho de um deles: “Denuncio-lhes o corifeu dos charlatães, o senhor Lavoisier, filho de um sovina, aprendiz de químico, aluno do agiota genebrino, coletor-geral de impostos, diretor da pólvora e do salitre, administrador da Caixa de Descontos, secretário do Rei, membro da Academia de Ciências, íntimo de Vauvilliers, administrador infiel da subsistência e o maior intrigante do século.”

O Lavoisier foi condenado. Ah, mas ele é um grande cientista, argumentavam os moderados. “A república não precisa de sábios”, respondeu o juiz que o condenou. No dia seguinte à execução, Joseph Louis de Lagrange, outro importante cientista, expressou mágoa com palavras que se tornariam famosas:

“Bastaram alguns instantes para cortar a sua cabeça; mas cem anos talvez não sejam bastantes para produzir outra igual.”

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Mais informações sobre a condenação de Lavoisier em http://ohomemhorizontal.blogspot.com.br/2007/05/obra-e-tragdia-de-lavoisier.html

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