A refundação lá e cá

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Merkel e Hollande. A Europa está precisando de um New Deal

 

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Na França, a extrema direita dobrou de tamanho em poucos anos. Tinha 15% dos votos, foi para 30% e agora o apoio supera 40% em alguns distritos eleitorais. Muitos fatores conspiraram para esse resultado: o aumento do desemprego e a xenofobia, o profundo desapontamento com o desempenho da esquerda no governo, o sentimento de que quase tudo foi tentado e agora é hora de experimentar algo novo. Essas são as consequências do maneira desastrosa como foi administrada a crise financeira em 2008, que agora se transferiu para a Europa e para a América do Sul de modo duradouro

 

As observações acima são assinadas por Thomas Piketty ( <http://www.nybooks.com/articles/2016/02/25/a-new-deal-for-europe/> ). Basta copiar o link para ler a íntegra do que está publicado na New York Review of Books. O medo da extrema direita não é só dos franceses. Na Alemanha há menos desemprego mas a xenofobia aumenta com a chegada dos refugiados da Siria e do norte da Africa e ameaça a coalizão entre o centro direita democrata cristão e o centro esquerda social democrata que sustenta Angela Merkel.

 

Neste momento, Merkel e o presidente francês Francois Holland estão conversando sobre seus problemas internos e a situação difícil da zona do euro, que consiste em 19 países. A moeda para todos é a mesma, o euro, mas cada um tem sua dívida pública, algumas absurdamente elevadas. Há na zona do euro 19 diferentes taxas de juro, pois cada pais pode fixar livremente sua Selic, que vai determinar o custo do dinheiro para a indústria, o comércio e a agricultura, em competição livre, sem uma rede de proteção social comum ou padrões educacionais compartilhados. Esse modelo não funciona, constata Piketty e jamais funcionará.

 

O economista francês, autor de O Capital no Século 21, propõe uma “genuina refundação da zona do euro” que só pode ser obtida através de uma revisão dos acordos que criaram a União Europeia. Alemanha e França não conseguirão levar a ideia adiante sem a adesão de outros países “centrais” como a Espanha, Itália, Belgica, e Suécia. No ano passado, na véspera do fiasco grego, Hollande começou a reviver, por sua própria iniciativa, a idéia de um novo parlamento e uma nova constituição para a zona do euro.

 

Isso nos interessa porque o Brasil aqui também a crise de 2008 se instalou de forma endêmica. Aumentou o desemprego, multiplicou-se a intolerância e o nível do debate político nunca esteve tão baixo. Nosso país, afinal, nunca deixou de ser uma economia reflexa – o que acontece lá, repercute aqui. Não é por acaso que se fala tanto em reforma do sistema tributário, da previdência social, do sistema eleitoral e da legislação que permitiu a criação do gigantesco oligopólio da midia. Mas não há reforma genuina sem a refundação que os europeus estão discutindo.

 

Uma tal reforma só funciona quando o objetivo é claro para todos e é defendido por todos. Uma sugestão para começar é ver quem concorda com o artigo 1º da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, escrita em 1789 pela revolução francesa: Todos são livres e iguais. As distinções sociais só podem fundar-se na utilidade comum.

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