Hobbes, o Livro de Jó e a realidade da Era Putin neste Leviatã

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O mal está em toda parte.

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Ainda vou conseguir o shooting script de Leviatã, filme de Andrei Zvyagintsev indicado para o Oscar de melhor filme estrangeiro.

Tenho o palpite que desde as primeiras páginas, plano por plano, vou desvendar a receita do artesanato cinematográfico com grandeur – a fórmula dos grandes épicos.

Quero vê-la aplicada às histórias das favelas, bocas-de-fumo, associação de políticos com bandidos, padecimentos dos pequenos trabalhadores que procuram sobreviver no Estado sem lei.

Trabalho de gênio. Sobre o filme, o crítico Andrew O’Hehir, de Salon, não poupa elogios. “É uma obra prima, trabalho de gênio, amargo e cheio de humanidade, que deve ser visto de novo e de novo, porque cada vez ficará melhor”.

O autor/diretor foi buscar inspiração em duas fontes. A primeira é Hobbes, com sua visão do estado opressor. A outra é o Livro de Jó, considerado o grande reservatório de sabedoria do Velho Testamento.

Jó, o homem íntegro da terra de Hus, temia a Deus e fugia do mal. Para prová-lo, Deus permitiu que perdesse todos os bens e a família. Assim mesmo Jó não perdeu a fé. “Nu saí do ventre de minha mãe, nu voltarei. O Senhor deu, o Senhor tirou: bendito seja o nome do Senhor!”

Um contra uma cidade inteira. Aqui, numa cidadezinha da costa, Kolya (Alexey Serebriakov), dono de uma pequena oficina macânica, luta contra um prefeito corrupto Vadim (Roman Madyanov), que o crítico Peter Bradsohw, do Guardian, acha parecidíssimo com Boris Yeltsin.

O prefeito quer construir sua mansão na propriedade em que a família dele sempre viveu. E desapropria o terreno a preço vil. Para se defender, o mecânico pede ajuda do velho companheiro de exército Dimitry (Vladimir Vdovichenkov), um advogado esperto de Moscou. Mas a vinda dele provoca novas desgraças para Kolya e sua bela mulher Lilya (Elena Lyadova).

O filme denuncia a justiça que trabalha para os poderosos, em parceria com a Igreja.

O Estado hipertrofiado, minado pela burocracia, serve aos interesses de gangsters – e a felicidade individual é uma hipótese tão remota como alguém pescar a grande baleia bíblica com um anzol.

O mito da inocência. Todo o talento do diretor é investido na destruição de ilusões como o devido processo legal e a justiça social porventura remanescentes entre o público.

O referencial de Andrei Zvyagintsev é russo. “Vivemos em um sistema feudal onde tudo está nas mãos de uma só pessoa e todos vivem uma subordinação vertical”. Mas ele diria o mesmo se conhecesse, por exemplo, o Maranhão e as práticas políticas da família Sarney.

“Viver na Russia é caminhar por um campo minado”, insiste o diretor em Cannes, sem perceber que o mesmo se aplica ao Brasil, China, India, Africa do Sul e a todos os candidatos ao Bric. Serve também para o México, Estados Unidos e muitos outros paises.

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P.S. – No Pravda, não achei resenha sobre o Leviatã. Mas o editor jurídico David R. Hoffman afirma em artigo intitulado “O Oscar deste ano será mais branco”, que a festa da Academia de Cinema de Hollywood está mais falsa do que nunca. Ficará mais branca com a omissão do filme “Selma” justamente no ano em que Martin Luther King completaria 86 anos – e não há um ator negro entre os indicatos para melhor ator, melhor atriz, melhor ator coadjuvante e melhor atriz coadjuvante.

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