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De novo esse horroroso tempo de férias. Uma multidão de pais, mães e avós mandando não gritar assim, parar de chorar, não entrar na água, não correr. E chega de sorvete, não mexa no brinquedo do seu primo, engula o choro.
Outro verão do não.
Um não gritado por adultos estressados, inseguros, desinformado e destreinados.
Passaram a responsabilidade para a escola e agora a escola está de férias.
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Assim mesmo, eles ficam se achando.
Não sabem (Mario Quintana sabia) que adulto não passa de uma criança obsoleta.
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Se você é adulto, e ficou triste com a notícia de sua acelerada obsolescência, pense que nunca é tarde para entender como funciona uma infância feliz e saudável.
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Em 1948, os adultos que se preparavam para redigir a Declaração Universal dos Direitos do Homem decidiram colocar à frente de todos o princípio que declara:
Todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos.
Mas as crianças merecem proteção especial.
Elas são vida – e valorizar os Direitos Humanos é valorizar a vida.
Esta foi a ideia geradora da Pastoral da Criança:
Dona Zilda Arns era uma sábia. Médica do serviço público, descobriu que o dinheiro do orçamento nunca chegava para as necessidades. A burocracia ia comendo grande parte no caminho entre a Secretaria e o postinho de saúde.
Inventou atalhos para o dinheiro render.
Reuniu um exército de agentes voluntários – 109 mil líderes comunitários atuantes e 90 mil coordenadores e capacitadores.
A criança atendida pela Pastoral tem boa saúde e custa pouco: R$2,31 cada uma. Nas áreas atendidas, o índice de mortalidade infantil é o mais baixo do Brasil.
O relatório anual da Pastoral aprovado na semana passada informa que há 1.217.943 crianças menores de seis anos acompanhadas, em um milhão de famílias, espalhadas pelos 27 estados brasileiros.
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Agora está nascendo em Curitiba o Museu da Vida, que funciona na sede da Pastoral, à rua Jacarezinho. O gerúndio é necessário porque ainda falta muito trabalho para concluir o projeto. Mas o bosque ao fundo, fresquinho, com trilha e tudo, está pronto há séculos.
Faça uma visita.
É a melhor oportunidade deste verão para verificar que nem sempre é possível preparar um futuro para as crianças, mas sempre é possível preparar as crianças para o futuro.