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Na Folha de S. Paulo de hoje, um artigo de Oded Grajew sobre a frustrada aliança entre PT e PSDB, em 1994. Para isso, houve reuniões, estudos sobre a compatibilidade dos programas dos dois partidos, e finalmente um manifesto denominado “Conclamação”. Um trecho: “Como retomar a ética na condução da política? As eleições gerais de 1994 oferecem uma oportunidade de ouro para retomarmos o caminho das reformas e do controle da sociedade sobre a atividade pública.”
O objetivo não foi alcançado devido ao lançamento da candidatura de Fernando Henrique Cardoso à presidência. Os partidos se afastaram, cada um no seu caminho. Agora, a eleição apertada de Dilma, o radicalismo pos-eleitoral e a ameaça que paira sobre a economia brasileira com a queda dos preços das commodities podem sugerir um novo entendimento.
Uma coisa é certa: aliança entre partidos com ideologia e programa definidos é melhor do que acordos precários com os PQSPN (partidos-que-só-pensam-naquilo).
É certo também o país precisa de um congresso produtivo, resultado de maioria parlamentar estável. A guerrilha das manobras para bloquear a pauta em troca da aprovação de projeto para empreiteiros tem que acabar. O Brasil não é tão grande assim, que suporte um Tea Party.
Conversar talvez seja importante, nessa hora em que há gente pensando besteira. Na Alemanha, os partidos majoritários SPD (social democracia) e CDU (democracia cristã) estão no segundo acordo no Bundestag. Não foi fácil unir esquerda e direita, mas era necessário. A outra alternativa seria deixar a Europa sem liderança em um momento difícil, em que a maior parte dos países sofre com o alto desemprego e a economia estagnada.
Sorte que os partidos alemães têm grande capilaridade. Há 500 mil filiados no SPD e um pouco mais no CDU. Para decidir sobre o pacto houve um referendo. A maioria legitimou no programa conjunto, que inclui benefícios na aposentadoria dos trabalhadores e a desativação de usinas nucleares.